Pelo menos 28 pessoas morreram e um rastro de destruição foi deixado no México pelas intensas chuvas registradas desde quinta-feira (9), segundo relatórios divulgados na sexta-feira (10) por autoridades de diversos estados do país.
Órgãos de Proteção Civil detalharam que as precipitações se intensificaram em 31 dos 32 estados mexicanos, o que provocou o transbordamento de rios, alagando comunidades inteiras, além de deslizamentos de terra e desmoronamentos em estradas, rodovias e pontes.
O estado central de Hidalgo é o mais afetado, com 16 mortos, além de mil residências danificadas e 90 comunidades isoladas, segundo as autoridades.
O governo de Puebla, na região central do país, confirmou nove mortos e oito desaparecidos, além de 80 mil pessoas afetadas.
Relatórios oficiais registram duas mortes em Veracruz, no leste, e uma em Querétaro, no centro, devido ao transbordamento de rios.
A presidente Claudia Sheinbaum Pardo detalhou em mensagens na rede social X que milhares de militares foram mobilizados, além de cerca de vinte embarcações, o mesmo número de aviões e seis helicópteros para atender as áreas afetadas.
"A Secretaria da Marinha mobilizou 3,3 mil agentes em Puebla, Veracruz e San Luis Potosí", escreveu a mandatária, que também realizou videoconferências com os governadores desses estados.
Também foram mobilizados 5,4 mil soldados do Exército e abrigos foram abertos para receber aqueles que precisaram abandonar suas casas devido à elevação dos rios.
Autoridades estaduais também disponibilizaram dezenas de abrigos para acolher famílias inteiras que deixaram suas casas diante da ameaça de novos transbordamentos, especialmente em Veracruz, onde há muitos e extensos cursos d’água.
Laura Velázquez, coordenadora nacional de Proteção Civil, informou que ocorreram deslizamentos de terra, desmoronamentos de estradas e transbordamentos de rios nos estados afetados.
A área do desastre é a Sierra Madre Oriental, uma extensa cadeia montanhosa que corre paralelamente à costa do Golfo do México e que está repleta de pequenas localidades, às quais era impossível acessar nesta sexta-feira.
Uma equipe da AFP chegou à cidade de Tulancingo, em Hidalgo, de onde partem estradas que levam às comunidades serranas, mas estavam fechadas por desmoronamentos e uma enorme vala.
Descompasso das estações
O México registrou em 2025 uma intensa temporada de chuvas, que inclusive bateu recordes na capital.
O meteorologista e acadêmico Isidro Cano explicou à AFP que essas intensas precipitações, registradas desde quinta-feira, ocorrem no final da temporada e são resultado de um "descompasso das estações":
— As chuvas podem se adiantar ou se atrasar. Também há o fator orográfico, que contribui para a formação de nuvens devido ao ar quente e úmido que sobe pelas montanhas.
Ele detalhou que um fenômeno tropical formado no Golfo do México colidiu com a Sierra Madre Oriental, o que provocou um aumento nas temperaturas, favorecendo a formação de vapor d’água e chuvas intensas.
A isso se soma uma frente fria vinda dos Estados Unidos, que gera maior nebulosidade, favorecendo ainda mais chuvas em amplas regiões do país, acrescentou o especialista.
As autoridades no litoral do Pacífico permanecem atentas ao avanço de Priscilla, que chegou à categoria dois de furacão, mas já se degradou para depressão, e à tempestade tropical Raymond.
Ambos os fenômenos permanecem afastados do litoral, mas influenciaram as fortes chuvas na costa oeste.





