
Delegações do Hamas, de Israel e dos Estados Unidos devem se reunir no Egito para negociações nesta segunda-feira (6), com o presidente Donald Trump pedindo aos negociadores que "ajam rápido" para encerrar a guerra de quase dois anos em Gaza.
Tanto o Hamas quanto Israel responderam positivamente à proposta de Trump para o fim dos combates e a libertação de reféns em Gaza em troca dos palestinos mantidos em prisões israelenses.
O principal negociador do Hamas, Khalil al-Hayya, se reunirá com mediadores do Egito e do Catar no Cairo na manhã desta segunda-feira, disse um alto funcionário do grupo terrorista à AFP, antes das negociações na cidade turística egípcia de Sharm El-Sheikh.
As negociações buscarão "determinar a data de uma trégua temporária", disse a autoridade, bem como criar condições para uma primeira fase do plano de paz, na qual 47 reféns mantidos em Gaza serão libertados em troca de centenas de detidos palestinos.
Em publicação na plataforma Truth Social no domingo (5), o presidente dos Estados Unidos elogiou "discussões positivas com o Hamas" e aliados ao redor do mundo, incluindo nações árabes e muçulmanas.
Ministros das relações exteriores de vários países, incluindo o Egito, disseram que as negociações eram uma "oportunidade real" para alcançar um cessar-fogo sustentável, enquanto o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu expressou esperança de que os reféns pudessem ser libertados em poucos dias.
Pedido de trégua
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, pediu no domingo que Israel pare de bombardear Gaza antes das discussões no Egito.
— Você não pode libertar reféns no meio de ataques, então os ataques terão de parar — disse Rubio à rede CBS.
Netanyahu disse que a delegação israelense partiria para o Egito na segunda-feira para as negociações, que devem começar na véspera do segundo aniversário do ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra.
A Casa Branca disse que Trump também enviou dois enviados ao Egito: o seu genro Jared Kushner e o negociador do Oriente Médio Steve Witkoff.
— Durante as comunicações com os mediadores, o Hamas insistiu que é essencial que Israel interrompa as operações militares em todas as áreas da Faixa de Gaza, cesse todas as atividades aéreas, de reconhecimento e de drones e se retire de dentro da Cidade de Gaza — disse uma fonte palestina próxima ao Hamas, acrescentando que o grupo "também interromperia as suas operações militares" em paralelo.
Militantes capturaram 251 reféns durante o ataque de 7 de outubro de 2023, 47 dos quais ainda estão em Gaza. Destes, o exército israelense afirma que 25 estão mortos.
De acordo com o plano de Trump, em troca dos reféns, Israel deverá libertar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e mais de 1,7 mil detidos da Faixa de Gaza que foram presos durante a guerra.
Observando que a "situação operacional mudou", o chefe militar israelense, tenente-general Eyal Zamir, alertou no domingo que, se as negociações fracassassem, os militares "voltariam a lutar" em Gaza.
Enquanto isso, Israel continuou a realizar ataques.
Administração do território
A agência de defesa civil de Gaza, uma força de resgate que opera sob a autoridade do Hamas, disse que ataques israelenses mataram pelo menos 20 pessoas em todo o território no domingo, 13 delas na Cidade de Gaza.
"Na noite de domingo e na manhã de segunda-feira, ataques aéreos foram realizados em Khan Yunis e partes da Cidade de Gaza, enquanto bombardeios de artilharia e tiros de drones continuaram em áreas a leste da Cidade de Gaza", informou a defesa civil à AFP.
— Houve uma diminuição notável no número de ataques aéreos (desde a noite de domingo). Os tanques e veículos militares recuaram um pouco — disse Muin Abu Rajab, 40 anos, morador do bairro de Al-Rimal, na cidade.
O Hamas insiste que deve ter voz ativa no futuro do território, embora o roteiro de Trump estipule que ele e outras facções "não tenham nenhum papel na governança de Gaza".
O plano dos Estados Unidos, endossado por Netanyahu, prevê a interrupção das hostilidades, a libertação dos reféns em 72 horas, uma retirada gradual de Israel de Gaza e o desarmamento do Hamas — algo que o grupo descreveu como uma linha vermelha no passado.
Segundo a proposta, a administração do território seria assumida por um órgão tecnocrático supervisionado por uma autoridade de transição pós-guerra chefiada pelo próprio Trump.
— Esperamos que Trump pressione Netanyahu e o force a parar a guerra — disse Ahmad Barbakh, morador da área de Al-Mawasi. — Queremos que o acordo de troca de prisioneiros seja concluído rapidamente para que Israel não tenha desculpa para continuar a guerra.
O ataque do Hamas em outubro de 2023 resultou na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP com dados oficiais israelenses. A ofensiva retaliatória de Israel matou pelo menos 67.139 palestinos, de acordo com dados do ministério da saúde no território administrado pelo Hamas, que as Nações Unidas consideram confiáveis.

