
O exército israelense anunciou nesta sexta-feira (10) que o cessar-fogo em Gaza entrou em vigor às 9h (no horário local) após o acordo com o movimento islamista Hamas, que deve permitir a libertação dos reféns dentro de um prazo de 72 horas.
"Desde o meio-dia, as tropas começaram a se posicionar ao longo das (...) linhas de retirada, em preparação para o acordo de cessar-fogo e o retorno dos reféns", indicou o exército em um comunicado.
O texto especificou, no entanto, que "as tropas do Comando Sul (...) continuarão eliminando qualquer ameaça imediata" e alertou que algumas áreas continuam sendo "extremamente perigosas" para a população.
— As forças israelenses se retiraram de várias áreas da Cidade de Gaza, no norte da Faixa — disse pouco antes à AFP Mohamed al Mughayyir, um alto responsável da Defesa Civil, força de resgate que opera sob autoridade do Hamas.
O responsável acrescentou que veículos do exército também se retiraram de várias partes da cidade de Khan Yunis, no Sul. Moradores de várias áreas da Faixa de Gaza confirmaram à AFP que o exército israelense parecia ter se retirado das posições que havia ocupado na quinta-feira (9).
Segundo afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em discurso após o início da trégua, dos 48 reféns que continuam na Faixa de Gaza, 20 estão vivos e 28 morreram. O líder israelense disse esperar que o seu país celebre um "dia de alegria nacional" a partir da noite de segunda-feira (13), quando se espera que todos os reféns sejam devolvidos.
— Esse dia coincidirá com a festividade judaica do Simchat Torá — acrescentou.
A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, disse que as tropas se retirariam até a "Linha Amarela", a uma distância de entre 1,5 quilômetro e 3,5 quilômetros das fronteiras do território palestino, como parte do plano proposto por Trump. Durante esta primeira fase do processo de retirada, o exército controlará aproximadamente 53% da Faixa de Gaza.
Momentos após o anúncio oficial do exército, milhares de habitantes de Gaza começaram a caminhar em direção ao norte da Faixa, segundo imagens registradas pela AFP.

A Cidade de Gaza e seus arredores foram cenário, nos últimos meses, de uma operação especialmente intensa do exército israelense, que afirmou querer eliminar os remanescentes do movimento islamista Hamas.
O cessar-fogo e a libertação dos reféns estão previstos no acordo aprovado na quinta-feira, após quatro dias de negociações indiretas no Egito entre Hamas e Israel, em guerra há dois anos.
O acordo se baseia em um plano de 20 pontos anunciado no final de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que pretende viajar ao Oriente Médio neste domingo (12).
— Os reféns voltarão na segunda ou terça-feira. Provavelmente, estarei lá. Espero estar lá. Planejamos partir no domingo e estou ansioso por isso — disse o presidente a repórteres no Salão Oval.
A porta-voz israelense destacou que, dentro de um prazo de 72 horas, todos os reféns ainda mantidos em Gaza devem retornar, tanto os vivos — cerca de 20 — quanto os mortos, totalizando 47. Segundo um responsável do Hamas, em troca disso, serão libertados cerca de 2 mil prisioneiros palestinos.
Mughayyir esclareceu que, durante a retirada e antes do cessar-fogo, houve confrontos no território, com vários mortos.
— Os disparos não pararam até agora. O exército israelense também atacou equipes municipais de Gaza ao norte do bairro de Sheikh Radwan, matando um trabalhador — afirmou Mughayyir.
Ele acrescentou que outro homem morreu por disparos israelenses em Khan Yunis nesta sexta-feira.
Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil, disse que aviões de combate israelenses voaram a baixa altitude sobre Gaza e que suas equipes relataram ataques aéreos e bombardeios de artilharia na Cidade de Gaza, onde o exército havia lançado uma grande ofensiva antes do cessar-fogo. O exército israelense afirmou que está verificando os relatos de bombardeios em Gaza.





