
Drones de origem desconhecida foram avistados na sexta-feira (26) à noite sobre a maior base militar da Dinamarca, informou a polícia do país neste sábado (27). Esse é o mais recente de uma série de incidentes semelhantes que o governo descreveu esta semana como um "ataque híbrido".
A vizinha Noruega também investiga "possíveis observações de drones" na manhã deste sábado perto de sua maior base militar, Orland, onde seus caças F-35 estão estacionados.
Os misteriosos avistamentos de drones na Dinamarca e Noruega levaram ao fechamento de aeroportos.
Copenhague sediará uma cúpula da União Europeia reunindo chefes de governo na quarta (1º) e quinta-feira (2), e o governo dinamarquês aceitou a oferta da Suécia de fornecer sua tecnologia antidrones para garantir o bom andamento da reunião.
As autoridades dinamarquesas confirmaram à agência de notícias AFP "um incidente por volta das 20h15min (15h15min no horário de Brasília) que durou várias horas. Um ou dois drones foram avistados do lado de fora e acima da base aérea", referindo-se à base militar de Karup.
O porta-voz da polícia Simon Skelsjaer disse que os drones não foram derrubados e que a polícia não pode comentar sobre a origem dos dispositivos.
A polícia e o exército trabalham juntos na investigação, afirmou Skelsjaer.
A base de Karup compartilha suas pistas com o Aeroporto de Midtjylland, que teve de fechar brevemente, embora nenhum voo tenha sido afetado pois não havia viagens comerciais programadas, acrescentou Skelsjaer.
Enxame de drones na Noruega
Na Noruega, o exército uniu forças com a polícia para determinar se tratava-se realmente de drones.
"Provavelmente são drones, mas a investigação determinará o que era. Por enquanto, estamos tratando o caso como uma observação de drones", disse Brynjar Stordal, porta-voz do quartel-general conjunto da Noruega, à AFP.
"Pelo menos dois drones" voaram em uma área restrita perto da base "por aproximadamente uma hora" antes de desaparecerem, afirmou. "Não os interceptamos."
A polícia do condado de Nordland, no norte da Noruega, anunciou que estenderia temporariamente as restrições aéreas e terrestres para drones e outros veículos aéreos não tripulados para 10 quilômetros ao redor de quatro aeroportos que atendem voos regionais, internacionais e militares, até o meio-dia de segunda-feira (29).
Em um comunicado, a polícia afirmou que era "uma medida de precaução" e que nenhum drone havia sido observado na região neste sábado.
Os avistamentos de drones em países nórdicos no início desta semana ocorreram após incursões dos dispositivos em território polonês e romeno e a violação do espaço aéreo da Estônia por caças russos, o que aumentou as tensões no contexto da invasão russa da Ucrânia.
A Alemanha anunciou neste sábado que autorizará suas forças armadas a derrubar drones em caso de intrusão em seu território, após um "enxame" de dispositivos de origem desconhecida ter sido detectado no norte do país no dia anterior.
Rússia nega envolvimento
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, declarou em uma mensagem de vídeo na quinta-feira (25) que o país foi "vítima de ataques híbridos", referindo-se a uma forma de guerra não convencional, apontando diretamente para a Rússia.
"Há um país que representa uma ameaça à segurança da Europa, e esse país é a Rússia", declarou.
Moscou rejeitou "firmemente" qualquer envolvimento nos incidentes na Dinamarca. Sua embaixada em Copenhague chamou os eventos de "provocação encenada" em uma mensagem publicada nas redes sociais.
O ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, declarou no início desta semana que o objetivo desses ataques era "semear o medo, criar divisões e nos assustar".
Os voos de drones começaram dias depois de a Dinamarca anunciar que adquiriria armas de precisão de longo alcance pela primeira vez, argumentando que a Rússia representaria uma ameaça "nos próximos anos".
Hummelgaard acrescentou que Copenhague também ganharia novas capacidades para detectar e neutralizar drones.
Ministros da Defesa de uma dúzia de países da UE concordaram nesta semana que a criação de um "muro antidrones" é uma prioridade.
"Precisamos agir rapidamente", disse o comissário europeu da Defesa, Andrius Kubilius, em entrevista à AFP. "E precisamos aprender todas as lições da Ucrânia e construir esse muro antidrones junto com a Ucrânia."




