
Os mistérios que envolvem o esquema de tráfico sexual de Jeffrey Epstein, morto em 2019, movimentam mais uma vez os Estados Unidos. Desta vez, o debate está entre os apoiadores do presidente Donald Trump — antigo amigo de Epstein. As informações são do Estadão.
Uma promessa, que não foi cumprida, de divulgar mais informações sobre o caso, provocou indignação entre os leais republicanos.
O Departamento de Justiça dos EUA afirmou, na semana passada, que o acusado de tráfico sexual não teria deixado uma "lista de cliente". A divulgação dessa suposta lista causava grande expectativa desde fevereiro, quando a procuradora-geral Pam Bondi sugeriu que o documento estava em sua mesa. No entanto, posteriormente argumentou que estava se referindo ao arquivo geral do caso.
Ela também afirmou que as autoridades examinam uma série de provas que anteriormente estavam detidas. Segundo o Departamento de Justiça, a divulgação pública não seria apropriada e que grande parte do material foi colocada sob sigilo por um juiz.
A não divulgação da lista com nomes envolvidos com Epstein causou indignação por parte de apoiadores do movimento de Trump MAGA (Make America Great Again). Entre as teorias do grupo, uma delas sugere que o Epstein teria sido assassinado por algum nome presente nessa suposta "lista de cliente".
Há ainda a hipótese de que o governo Trump não estaria lidando com a situação com completa transparência. (Relembre, abaixo, o que se sabe sobre sobre o caso.)
Esquema de tráfico sexual de Jeffrey Epstein
De acordo com as acusações, entre 2002 e 2005, o bilionário pagava para que meninas fossem até os imóveis de luxo dele e realizassem atos sexuais. As menores também eram pagas para "recrutar" outras garotas.
Dezenas de mulheres o acusaram de forçá-las a prestar serviços sexuais em sua ilha particular no Caribe e em suas propriedades em Nova York, Flórida e Novo México, nos Estados Unidos.
Virginia Giuffre, uma das principais acusadoras de Epstein, afirmou ter tido relações sexuais com vários políticos e líderes financeiros proeminentes, incluindo George Mitchell, ex-senador dos EUA, e Bill Richardson, ex-governador do Estado do Novo México. Em 2008, ele confessou ter pedido para que uma menor de idade se prostituísse.
Nomes de mais de 150 pessoas mencionadas no processo movido por Virginia foram mantidos sob sigilo até o ano passado, quando a juíza federal que supervisiona o caso, Loretta Preska, decidiu que não havia justificativa legal para mantê-los privados.
Mais de 200 páginas
A divulgação dos documentos, que somam aproximadamente 200 páginas, foi feita por Pamela Bondi, procuradora-geral dos EUA, e o Federal Bureau of Investigation (FBI), no dia 27 de fevereiro deste ano.
No lote, consta uma lista de evidências do caso, registros de voos e nomes de várias pessoas ligadas ao empresário, incluindo anotações sobre Donald Trump. O nome do presidente dos Estados Unidos aparece duas vezes, listado em maio de 1994, ao lado da ex-esposa, Marla Maples, e da filha Tiffany.
Ao longo das investigações, não foi encontrada nenhuma evidência de que Trump estaria envolvido nos crimes relacionados a Epstein. Os dois mantiveram uma amizade durante os anos 1990 e 2000.
Itens presentes em câmeras, computadores, fotos de mulheres, documentos e mídias eletrônicas, apreendidos durante a investigação, também foram revelados.
Quem era Jeffrey Epstein
O empresário e investidor começou a carreira como professor de matemática e física da Dalton School, escola de elite em Nova York. Por indicação do pai de um aluno, ele conseguiu um emprego no banco de investimentos Bear Stearns em 1976.
Anos depois, se tornou sócio da empresa e, em 1982, fundou sua própria companhia de investimentos, a J. Epstein and Co.
Epstein se aproximou de grandes nomes da elite dos Estados Unidos, incluindo Donald Trump — na época influente empresário sem envolvimento direto com a política — e o político democrata Bill Clinton. Além disso, ele também tinha relações com o Príncipe Andrew, acusado de ter abusado de menores de idade.