
Os Brics expressarão sua "séria preocupação" com o aumento das tarifas "unilaterais" na declaração final de sua cúpula no domingo e na segunda-feira no Rio de Janeiro, embora sem mencionar Donald Trump, de acordo com o esboço do texto acordado no sábado pelos negociadores.
"Expressamos nossa séria preocupação com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio", disse o documento, ao qual a AFP teve acesso.
O texto do Brics não menciona o presidente dos EUA, Trump, que disse nesta semana que planeja enviar cartas aos parceiros comerciais dos EUA nos próximos dias para informá-los sobre a próxima implementação de suas taxas anunciadas.
O Rio sedia a reunião desse grupo de 11 membros plenos, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que juntos representam quase metade da população do planeta e cerca de 40% do PIB mundial.
Seu anfitrião, o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, terá que superar as notáveis ausências de seu homólogo chinês, Xi Jinping, e do russo Vladimir Putin, que é alvo de um mandado de prisão internacional por supostos crimes de guerra na Ucrânia.
Os negociadores também chegaram a um consenso no sábado sobre a escalada da guerra no Oriente Médio, a questão que mais dividiu as delegações.
O Irã, parceiro do grupo desde 2023, aspirava a um endurecimento do tom dos Brics sobre o conflito na região, segundo outra fonte que participou das negociações.
Mas a declaração final dos líderes manterá a "mesma mensagem" que o grupo emitiu em um comunicado em junho, no qual expressou "grave preocupação" com o bombardeio israelense e americano do Irã.
Por dois anos, a lista de parceiros do Brics foi ampliada para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, que se juntaram ao grupo fundado em 2009 para fortalecer o chamado Sul Global.
As Forças Armadas do Brasil enviaram mais de 20 mil oficiais para blindar o Rio de Janeiro durante o evento e usar caças com mísseis para controlar o espaço aéreo, uma medida não vista desde as Olimpíadas de 2016 no Rio.