O governo venezuelano propôs, nesta segunda-feira (23), uma cúpula para promover um cessar-fogo entre Israel e Irã, aliado-chave da Venezuela, ao mesmo tempo em que alertou para uma "crise com consequências catastróficas de natureza nuclear".
O conflito entre Israel e Irã foi desencadeado em 13 de junho por um ataque israelense sem precedentes contra instalações nucleares e militares iranianas. A República Islâmica nega querer fabricar armas atômicas e defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.
"Diante deste panorama, a Venezuela faz um chamado urgente" às "organizações do Sul global (...) para que promovam de maneira conjunta um cessar-fogo imediato e completo na Ásia Ocidental", disse a vice-presidente Delcy Rodríguez ao ler uma carta assinada pelo presidente Nicolás Maduro.
Isso "ameaça desencadear uma crise com consequências catastróficas de natureza nuclear para a região e o mundo", aponta o texto lido por Rodríguez em apoio ao Irã.
Na carta, Maduro se dirige a organizações como "o Movimento dos Países Não Alinhados, a Liga dos Estados Árabes, a Organização de Cooperação Islâmica, o Conselho de Cooperação do Golfo, a União Africana, os Brics, a Celac e outras instâncias regionais".
"De forma urgente, proponho, muito respeitosamente, a convocação de uma cúpula pela paz e contra a guerra para enfrentar o crescente perigo de um conflito que poderia arrastar a humanidade para o abismo de uma guerra nuclear", acrescenta a carta, em que Maduro questiona a intervenção dos Estados Unidos no conflito.
Maduro sugere que esta cúpula seja convocada "o mais breve possível em um país da região a fim de assegurar a participação direta dos atores mais envolvidos e enviar um sinal claro de vontade regional pela paz".
A vice-presidente liderou um encontro no Ministério das Relações Exteriores em Caracas, para o qual foram convocados membros do corpo diplomático acreditado na Venezuela.
"Pedimos a todos vocês que transmitam aos seus respectivos governos esta mensagem do presidente Maduro em favor da paz e do desarmamento nuclear", afirmou, por sua vez, o chanceler venezuelano, Yvan Gil.
A aliança entre Caracas e Teerã, que têm os Estados Unidos como inimigo em comum, cresceu nos últimos anos. O Irã socorreu a Venezuela em meio às sanções americanas e durante a pandemia enviou navios carregados de combustível para o país caribenho.
A guerra deixou mais de 400 mortos no Irã, a maioria deles civis, segundo um balanço oficial. Por sua vez, o fogo iraniano contra Israel matou 24 pessoas, de acordo com as autoridades israelenses.
* AFP