Diplomatas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se mobilizaram nesta sexta-feira (20) para tentar definir um terreno comum e superar a oposição anunciada pela Espanha a um aumento nos gastos militares para 5% de cada PIB nacional.
A poderosa aliança militar transatlântica tem na agenda uma cúpula em Haia, nos Países Baixos, na próxima semana, mas as tentativas de definir uma declaração final sobre o aumento de gastos chocaram-se com a posição espanhola.
O presidente de governo espanhol, Pedro Sánchez, enviou uma carta ao secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na qual sustentou que elevar os gastos militares para 5% de cada PIB nacional "não seria apenas irracional, mas também contraproducente".
Diante da carta, os embaixadores na Otan organizaram uma reunião na sede da aliança militar, em Bruxelas, mas não conseguiram chegar a um acordo para destravar a questão.
Vários diplomatas indicaram que as conversas poderiam se prolongar durante o fim de semana, em um esforço para conseguir um avanço que começa na terça-feira.
"Ainda não há clareza", disse um diplomata, que falou em condição de anonimato para discutir as deliberações em curso.
A pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que os países da Otan aumentem os gastos militares para 5% de cada PIB colocou os diplomatas da aliança diante do desafio de chegar a um acordo.
Rutte propôs uma variante: desembolsar 3,5% em necessidades militares básicas e 1,5% em uma categoria mais flexível de gastos "relacionados à defesa", como infraestrutura e cibersegurança.
Os aliados de Washington temem que Trump, que previamente ameaçou não proteger os países que ele acredita que não gastam o suficiente, possa virar as costas para a Otan se não conseguir o que quer.
Em declarações nesta sexta-feira, o dirigente americano estimou que seu país não deveria cumprir com este gasto, mas o restante dos Estados-membros sim.
"Estamos apoiando a Otan há muito tempo, em muitos casos, acho, pagando quase 100% do custo. Então, não creio que devemos [pagar], mas acho que os países da Otan devem, absolutamente", declarou Trump a jornalistas.
A Espanha comprometeu-se a alcançar este ano um nível de gastos equivalente a 2% de seu PIB, com uma injeção adicional de 10 bilhões de euros (R$ 63 bilhões) em gastos militares.
* AFP