
O confronto entre Irã e Israel chega ao quinto dia nesta terça-feira (17), marcado pela morte de mais um alto comandante iraniano. Durante a madrugada, Israel lançou novos bombardeios, atingindo regiões sensíveis, como a capital Teerã e a cidade de Natanz, onde está localizada a principal instalação nuclear do país.
Segundo o g1 e a agência Reuters, Israel afirmou ter matado Ali Shadmani, identificado como o chefe do Estado-Maior para Tempos de Guerra do Irã — uma das figuras centrais do aparato militar de Teerã.
A imprensa iraniana relatou intensas explosões e ativação da defesa antiaérea em vários pontos.
Ainda nas primeiras horas do dia, o Irã respondeu com mais uma leva de mísseis, lançados contra o território israelense. A troca de ataques foi intensa, mas os mísseis iranianos foram interceptados pelo sistema de defesa aérea de Israel.
O clima de escalada preocupa a comunidade internacional. O comandante iraniano Kiumars Heydari declarou à agência estatal Irna que centenas de drones serão lançados contra Israel nas próximas horas, sinalizando uma possível ampliação do conflito.
Internamente, o Irã também enfrenta episódios de violência. Um parlamentar local informou à agência Irna que 21 pessoas morreram na província de Lorestão, supostamente devido à ação de "infiltrados".
Apesar da pressão militar crescente, o regime iraniano ainda demonstra capacidade de resposta e controle sobre suas operações. Nos bastidores, países da região e potências globais acompanham o desenrolar do confronto, temendo que o conflito ultrapasse as fronteiras de ambos os países.
Cúpula do G7 e pedidos de evacuação
A cúpula do G7 se reuniu na segunda-feira (16) e pediu uma "desescalada" do conflito.
"Exortamos para que a resolução da crise iraniana leve a uma desescalada mais ampla das hostilidades no Oriente Médio, incluindo um cessar-fogo em Gaza", afirma o comunicado publicado pelo Canadá.
A nota também afirma que Israel "tem o direito de se defender" e destaca "a importância da proteção dos civis", já que os ataques crescentes têm deixado vítimas entre as populações de ambos os lados.
Os líderes das sete economias mais avançadas do mundo — Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos — também expressaram a convicção de que o Irã "nunca poderá ter uma arma nuclear".
Ainda na segunda-feira, o presidente norte-americano Donald Trump pediu que os moradores de Teerã deixem a cidade. "Todos devem evacuar Teerã imediatamente!", escreveu em sua conta na plataforma Truth Social.
A embaixada chinesa em Israel também pediu para que seus cidadãos deixem o país "o mais rápido possível". A mensagem foi encaminhada no quarto dia de ataques entre Israel e Irã.
"A missão chinesa em Israel lembra aos cidadãos chineses que deixem o país o mais rápido possível através das fronteiras terrestres, desde que possam garantir sua segurança pessoal", disse a delegação em um comunicado no aplicativo WeChat.
Relembre o que aconteceu nos dias anteriores
A possibilidade de o Irã contar com uma bomba atômica foi o motivo apontado por Israel para promover o ataque da última sexta-feira (13), ainda quinta (12) no horário de Brasília.
Desde então, os dois países trocaram agressões mútuas, com bombardeios a Teerã e arredores, no Irã, e em cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, em Israel. O governo iraniano afirma que 224 pessoas morreram ao longo dos quatro dias de embates. Já Israel calcula 22 vítimas em seu território.
Na segunda-feira, houve uma possível tentativa de negociação para o fim dos ataques. A informação do jornal The Wall Street Journal, aponta que autoridades de Teerã deram sinais para uma trégua e para a retomada das conversas sobre o programa nuclear iraniano.
De acordo com o WSJ, o Irã tem mandado mensagens para Israel e Estados Unidos via intermediários árabes — Catar, Arábia Saudita e Omã. Na segunda-feira, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que esse diálogo deve ser feito "imediatamente, antes que seja tarde demais".
— Eu diria que o Irã não está vencendo esta guerra e que eles deveriam conversar — declarou Trump.
Controle do espaço aéreo e ataque a TV
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) conduziram ataques contra alvos militares em Teerã durante o dia. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que tem o "controle" do espaço aéreo da região. Ele também afirmou que a orientação é para que os moradores de Teerã evacuem a região.
Também nesta segunda, um bombardeio israelense atingiu o prédio da TV estatal do Irã, interrompendo a transmissão ao vivo do canal. A explosão ocorreu enquanto uma apresentadora criticava Israel, antes de ser vista saindo do estúdio, informou a mídia iraniana.
A emissora estatal afirmou à rede britânica BBC, sem precisar os números, que "vários" funcionários foram mortos.
Eliminação de lideranças
Em entrevista à rede americana ABC News, Benjamin Netanyahu sugeriu que assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, "acabaria com o conflito" entre os dois países.
— Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito — disse.
O premiê ainda afirmou que que Israel está matando "um a um" os líderes militares do Irã e "mudando a cara do Oriente Médio", segundo a agência AFP.
Irã faz novas ameaças
Em resposta ao ataque à TV estatal, o Irã emitiu alertas de evacuação para os canais de notícias israelenses N12 e N14. A ameaça é uma "resposta ao ataque hostil" de Israel "contra o serviço de transmissão da República Islâmica do Irã", segundo a mídia estatal.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, alertou que o país responderá com mais força caso os ataques de Israel se intensifiquem. Segundo ele, "as respostas do Irã se tornarão mais decisivas e severas" se as ações hostis persistirem. Na noite de segunda (ainda de tarde em Brasília), o país afirmou ter lançado mísseis contra Tel Aviv e Haifa. Israel não confirmou a existência dos ataques.
A agência estatal iraniana ainda informou que o país executou um homem condenado por espionar para o Mossad, o serviço secreto israelense. O suposto espião, identificado como Esmail Fekri, foi enforcado com o aval da Suprema Corte do Irã.
Resposta aos EUA
O ministro das Relações Exteriores, Seyed Abbas Araghchi, disse que os ataques de Israel tiveram como propósito impedir um acordo nuclear entre Teerã e Washington. Sobre a possibilidade de negociação com os EUA, o chanceler afirmou que um eventual ingresso americano nos combates "destruiria qualquer chance de solução negociada".
— Se o presidente Trump realmente acredita na diplomacia e quer parar esta guerra, os próximos passos são cruciais. Basta um telefonema de Washington para calar alguém como Netanyahu — disse Araghchi.
Brasileiros em Israel
Um grupo com 12 políticos brasileiros deixou o território israelense pela fronteira terrestre com a Jordânia na manhã desta segunda, de acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Um outro membro da comitiva, cujo nome não foi revelado, optou por não seguir com o grupo e continuar em Israel devido ao risco de bombardeios no trajeto até a fronteira com a Jordânia.
O grupo com 12 pessoas já se encontra no território da Jordânia, onde foi recebido pela embaixada brasileira. A operação de travessia durou cerca de 1h40min, e agora a delegação segue por terra para a Arábia Saudita, onde o espaço aéreo está aberto. De lá, a comitiva deve embarcar em um avião particular e retornar ao Brasil.
O secretário de Segurança de Porto Alegre, Alexandre Aragon, está em Israel e preferiu não deixar o país.
— O plano é cumprir a missão, terminar a missão e ajudar no que foi possível aqui. Esse é o meu plano — afirmou em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
"É assustador"
A jornalista gaúcha Danuza Mattiazzi, da GloboNews, detalhou a rotina dos moradores de Tel Aviv, em Israel, ao Gaúcha Atualidade. Ela disse ser assustador ouvir o barulho das bombas.
— É muito assustador você começar a ouvir bombas, explosões de mísseis balísticos sendo interceptados pelo iron dome ("domo de ferro" em português, sistema israelense de defesa antimísseis). É um barulho muito forte. Eu fico dentro de um quarto que tem paredes grossíssimas, com várias camadas de concreto e ferro, mesmo assim a gente ouve barulho, treme um pouco, então é assustador.