
O quarto dia de confrontos entre Israel e Irã foi marcado por uma possível tentativa de negociação para o fim dos ataques. A informação do The Wall Street Journal (WSJ), uma publicação americana, aponta que autoridades de Teerã deram sinais para uma trégua e para a retomada das conversas sobre o programa nuclear iraniano.
De acordo com o WSJ, o Irã tem mandado mensagens para Israel e Estados Unidos via intermediários árabes — Catar, Arábia Saudita e Omã. Nesta segunda-feira (16), o presidente americano, Donald Trump, afirmou que esse diálogo deve ser feito "imediatamente, antes que seja tarde demais".
— Eu diria que o Irã não está vencendo esta guerra e que eles deveriam conversar — declarou Trump.
Contudo, na noite de segunda, no horário de Brasília, Trump alertou, sem dar detalhes, para que a população de Teerã deixasse a cidade imediatamente. Cerca de 10 milhões de pessoas vivem na capital iraniana e arredores.
"Todos devem evacuar Teerã imediatamente!", escreveu Trump em sua conta na plataforma Truth Social.
Nesta segunda, Israel atacou a TV estatal do Irã, em Teerã. Já as forças iranianas dispararam mísseis contra Tel Aviv e Haifa. As ofensivas se derem em meio a ameaças retóricas de ambos os lados (veja mais detalhes abaixo).
A possibilidade de o Irã contar com uma bomba atômica foi o motivo apontado por Israel para promover o ataque da última sexta-feira (13), ainda quinta (12) no horário de Brasília.
Desde então, os dois países trocaram agressões mútuas, com bombardeios a Teerã e arredores, no Irã, e em cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, em Israel. O governo iraniano afirma que 224 pessoas morreram ao longo dos quatro dias de embates. Já Israel calcula 22 vítimas em seu território.
Controle do espaço aéreo e ataque a TV
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) conduziram ataques contra alvos militares em Teerã durante o dia. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que tem o "controle" do espaço aéreo da região. Ele também afirmou que a orientação é para que os moradores de Teerã evacuem a região.
Também nesta segunda, um bombardeio israelense atingiu o prédio da TV estatal do Irã, interrompendo a transmissão ao vivo do canal. A explosão ocorreu enquanto uma apresentadora criticava Israel, antes de ser vista saindo do estúdio, informou a mídia iraniana, que compartilhou um vídeo do ataque (veja abaixo).
A emissora estatal afirmou à rede britânica BBC, sem precisar os números, que "vários" funcionários foram mortos.
Eliminação de lideranças
Em entrevista à rede americana ABC News, Benjamin Netanyahu sugeriu que assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, "acabaria com o conflito" entre os dois países.
— Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito — disse.
O premiê ainda afirmou que que Israel está matando "um a um" os líderes militares do Irã e "mudando a cara do Oriente Médio", segundo a agência AFP.
Irã faz novas ameaças
Em resposta ao ataque à TV estatal, o Irã emitiu alertas de evacuação para os canais de notícias israelenses N12 e N14. A ameaça é uma "resposta ao ataque hostil" de Israel "contra o serviço de transmissão da República Islâmica do Irã", segundo a mídia estatal.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, alertou que o país responderá com mais força caso os ataques de Israel se intensifiquem. Segundo ele, "as respostas do Irã se tornarão mais decisivas e severas" se as ações hostis persistirem. Na noite de segunda (ainda de tarde em Brasília), o país afirmou ter lançado mísseis contra Tel Aviv e Haifa. Israel não confirmou a existência dos ataques.
A agência estatal iraniana ainda informou que o país executou um homem condenado por espionar para o Mossad, o serviço secreto israelense. O suposto espião, identificado como Esmail Fekri, foi enforcado com o aval da Suprema Corte do Irã.
Resposta aos EUA
O ministro das Relações Exteriores, Seyed Abbas Araghchi, disse que os ataques de Israel tiveram como propósito impedir um acordo nuclear entre Teerã e Washington. Sobre a possibilidade de negociação com os EUA, o chanceler afirmou que um eventual ingresso americano nos combates "destruiria qualquer chance de solução negociada".
— Se o presidente Trump realmente acredita na diplomacia e quer parar esta guerra, os próximos passos são cruciais. Basta um telefonema de Washington para calar alguém como Netanyahu — disse Araghchi.
Brasileiros em Israel
Um grupo com 12 políticos brasileiros deixou o território israelense pela fronteira terrestre com a Jordânia na manhã desta segunda, de acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Um outro membro da comitiva, cujo nome não foi revelado, optou por não seguir com o grupo e continuar em Israel devido ao risco de bombardeios no trajeto até a fronteira com a Jordânia.
O grupo com 12 pessoas já se encontra no território da Jordânia, onde foi recebido pela embaixada brasileira. A operação de travessia durou cerca de 1h40min, e agora a delegação segue por terra para a Arábia Saudita, onde o espaço aéreo está aberto. De lá, a comitiva deve embarcar em um avião particular e retornar ao Brasil.
O secretário de Segurança de Porto Alegre, Alexandre Aragon, está em Israel e preferiu não deixar o país.
— O plano é cumprir a missão, terminar a missão e ajudar no que foi possível aqui. Esse é o meu plano — afirmou em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
"É assustador"
A jornalista gaúcha Danuza Mattiazzi, da GloboNews, detalhou a rotina dos moradores de Tel Aviv, em Israel, ao Gaúcha Atualidade. Ela disse ser assustador ouvir o barulho das bombas.
— É muito assustador você começar a ouvir bombas, explosões de mísseis balísticos sendo interceptados pelo iron dome ("domo de ferro", em português, sistema israelense de defesa antimísseis). É um barulho muito forte. Eu fico dentro de um quarto que tem paredes grossíssimas, com várias camadas de concreto e ferro, mesmo assim a gente ouve barulho, treme um pouco, então é assustador.