
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (16) que matar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, "acabaria com o conflito" entre os dois países.
A declaração foi feita em uma das entrevistas que Netanyahu tem concedido a programas dos Estados Unidos. Ele tem justificado os ataques e apresentado sua visão política sobre o confronto.
Ao ser questionado sobre o veto do presidente Donald Trump a um plano israelense para assassinar o líder supremo iraniano, por temer uma intensificação das hostilidades, Netanyahu respondeu:
— Não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito.
O premier não confirmou se a estratégia atual inclui o aiatolá como alvo direto, limitando-se a dizer que Israel "faz o que tem que fazer".
Desde sexta-feira, Israel tem bombardeado instalações nucleares e militares no Irã, matando comandantes e cientistas nucleares. O regime iraniano reagiu com lançamentos de mísseis.
"Ele é como um Hitler moderno", diz Netanyahu
Nas entrevistas a veículos dos EUA, o premier israelense busca explicar os ataques ao público dos Estados Unidos. Ele descreve a ofensiva como "uma batalha da civilização contra a barbárie".
Na conversa com a ABC News, Netanyahu defendeu que os ataques para "desarmar" o Irã estão justificados e comparou Khamenei a um "Hitler moderno".
— Ele é como um Hitler moderno. Não vai parar, mas vamos garantir que ele não tenha os meios para cumprir suas ameaças.
Segundo ele, conter o programa nuclear iraniano é fundamental para "prevenir a guerra mais horrível imaginável e (...) trazer a paz ao Oriente Médio".
Netanyahu também acusou Khamenei de professar um "fanatismo antissemita e louco".
— A "guerra eterna" é o que o Irã quer, e eles estão nos levando à beira de uma guerra nuclear — disse ele, acrescentando:
— Na verdade, o que Israel está fazendo é impedir isso, colocar fim a essa agressão, e só podemos fazer isso enfrentando as forças do mal.
O que diz o aiatolá Ali Khamenei
O chefe supremo da República do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirma que os ataques feitos por Israel na noite de quinta-feira (12) revelam a "natureza maliciosa".
"O regime sionista cometeu um crime em nosso querido país hoje ao amanhecer, com suas mãos satânicas e ensanguentadas. Revelou sua natureza maliciosa ainda mais do que antes, ao atacar áreas residenciais. O regime sionista deve se preparar para uma punição severa", escreveu Khamenei.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, enviou uma carta ao presidente da ONU, na qual classifica as ações israelenses como "exemplos claros de terrorismo".
Na carta, o governo iraniano descreve a ação como uma "ameaça alarmante à paz e à segurança internacionais" e a considera "uma grave violação do direito internacional", acusação que tem sido feita a Israel também em relação aos ataques na Faixa de Gaza.
Entenda
As duas maiores potências militares do Oriente Médio, que já foram aliados no passado, entraram no momento mais tenso de suas relações neste ataque. Israel atacou o Irã com a justificativa que o país está construindo bombas atômicas, que poderiam ser usadas contra Tel-Aviv. O Irã nega e sustenta que usa tecnologia atômica apenas para fins pacíficos, como a produção de energia.
O Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acusou Teerã de violar obrigações. Já Israel é um dos poucos países do mundo que não assinou o TNP.
Os Estados Unidos vinham pressionando o Irã para reduzir o alcance do seu programa nuclear. O presidente Donald Trump elogiou os ataques de Israel contra Teerã e pediu para o país aceitar o acordo sobre a questão nuclear.
— Acho que foi excelente. Demos a eles uma chance e não aproveitaram. Eles foram atingidos com força, muita força. E há mais por vir. Muito mais — disse Trump.