
Em meio os bombardeios que prosseguem desde a última sexta-feira (13), o sexto dia de guerra entre Israel e Irã foi de ameaças verbais. O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, ameaçou, inclusive, atacar bases dos Estados Unidos após Donald Trump pedir sua rendição total na terça-feira (17).
— Os americanos devem saber que qualquer intervenção militar da parte deles implicará danos irreparáveis. Ameaças não influenciarão o comportamento da nação iraniana — disse Kahmenei em discurso transmitido pela TV estatal do Irã na terça-feira. Ele se referiu às publicações de Donald Trump nas redes sociais afirmando que os Estados Unidos sabem sua localização e não iriam matar o aiatolá, "pelo menos por enquanto".
Nesta mesma linha, enquanto o Irã lançava mísseis no território israelense e Israel bombardeava Teerã, a Rússia e a Turquia se posicionaram sobre o conflito. O russo Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores, advertiu os Estados Unidos sobre a possibilidade do país prestar auxilio militar a Israel:
"Não pensem nisso. A possibilidade de assistência militar direta dos EUA a Israel poderia radicalmente desestabilizar a situação no Oriente Médio", disse em comunicado, divulgado pela agência estatal russa Ifax.
Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan afirmou que o Irã tem direito a responder os ataques de Israel e se defender. A declaração ocorreu durante reunião com parlamentares do Partido da Justiça e Desenvolvimento, conforme o jornal Times of Israel.
— É um direito muito natural, legítimo e legal para o Irã se defender contra a violência e o terrorismo de Estado de Israel — expressou Erdogan.
Bombardeios continuam

Enquanto os líderes mundiais tensionam ainda mais o contexto geopolítico, a guerra avança. Israel atacou um centro de enriquecimento de urânio no Irã e múltiplas foram registradas em Teerã, com fumaça avistada na região leste da capital iraniana.
Conforme a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a ofensiva israelense destruiu dois edifícios onde eram fabricadas peças para as centrífugas do programa nuclear iraniano em Karaj, perto da capital Teerã, e ainda atingiram um edifício do Centro de Pesquisa de Teerã, onde "rotores para centrífugas avançadas eram fabricados e testados".
Em retaliação, o exército iraniano emitiu um alerta sobre ataques "punitivos" iminentes em Israel e pediu a evacuação das grandes cidades de Tel Aviv e Haifa. Pouco depois, a Guarda Revolucionária, o exército ideológico iraniano, anunciou na televisão estatal um bombardeio contra o território israelense com o uso de mísseis balísticos hipersônicos Fattah-1.
As forças armadas israelenses ativaram temporariamente as sirenes aéreas após a detecção de 10 mísseis lançados pelo Irã, que em sua maioria foi interceptado, afirmou uma autoridade militar.
Os sistemas de defesa israelenses também derrubaram dois drones na região do Mar Morto nas primeiras horas da quarta-feira. Apesar disso, a agência Reuters informa que um oficial dos Estados Unidos revelou ao Wall Street Journal que Israel está com poucos mísseis defensivos, que integram o Domo de Ferro.
O exército israelense informou que um de seus drones foi derrubado por um míssil terra-ar quando operava no Irã.
A troca de bombardeios provocou mortes de civis dos dois lados: 224 no Irã, segundo o balanço oficial mais recente, divulgado no domingo (15), e 24 em Israel, segundo o governo do país.
Para o Human Rights Activits, o número de mortos é maior. Conforme a Associated Press, o grupo norte-americano indica 585 mortas no Irã e outras 1.326 feridas.
Declarações de Trump
Donald Trump se reuniu com o Conselho de Segurança dos Estados Unidos na terça-feira (17) para discutir o conflito. Apesar de detalhes não terem sido revelados, antes do encontro com os militares o presidente norte-americano ameaçou o Irã e tensionou a guerra.
"Ele (Khamenei) é um alvo fácil, mas está seguro lá — não vamos eliminá-lo (matar), pelo menos não por enquanto", escreveu na rede social Truth Social.
Trump deixou a cúpula do G7 no Canadá na segunda-feira (16), um dia antes do previsto, para participar da reunião com o Conselho de Segurança dos Estados Unidos na Casa Branca. A movimentação, seguida das declarações contra o Irã nas redes sociais, levantam suspeita de que o país entre na guerra.
"Nossa paciência está acabando" diz outra publicação de Trump na Truth Social, que antecedeu um pedido de "RENDIÇÃO INCONDICIONAL" do aiatolá Khamenei.
Papa pede paz
Líder da Igreja Católica, o papa Leão XIV também se pronuncia sobre a guerra entre Irã e Israel. Em publicação na rede social X nesta quarta-feira, ele disse que "a guerra é sempre uma derrota".
Comitiva brasileira que deixou Israel
A comitiva Confederação Nacional de Municípios (CNM) com políticos brasileiros que estava em Israel quando os conflitos começaram chegou ao Brasil nesta quarta-feira. Conforme o g1, eles desembarcaram em Natal, no Rio Grande do Norte, em um voo fretado.
Dos 13 membros da comitiva, 12 resolveram retornar ao país. Eles deixaram Israel em um ônibus, pela fronteira terrestre do país com a Cisjordânia.
Secretário de Segurança de Porto Alegre, Alexandre Aragon decidiu seguir a missão diplomática no território israelense.
Relembre o que aconteceu nos dias anteriores
A possibilidade de o Irã contar com uma bomba atômica foi o motivo apontado por Israel para promover o ataque da última sexta-feira (13), ainda quinta (12) no horário de Brasília.
Desde então, os dois países trocaram agressões mútuas, com bombardeios a Teerã e arredores, no Irã, e em cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, em Israel. O governo iraniano afirma que 224 pessoas morreram ao longo dos quatro dias de embates. Já Israel calcula 22 vítimas em seu território.
Na segunda-feira, houve uma possível tentativa de negociação para o fim dos ataques. A informação do jornal The Wall Street Journal, aponta que autoridades de Teerã deram sinais para uma trégua e para a retomada das conversas sobre o programa nuclear iraniano.
De acordo com o WSJ, o Irã tem mandado mensagens para Israel e Estados Unidos via intermediários árabes — Catar, Arábia Saudita e Omã. Na segunda-feira, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que esse diálogo deve ser feito "imediatamente, antes que seja tarde demais".
— Eu diria que o Irã não está vencendo esta guerra e que eles deveriam conversar — declarou Trump.