Israel deportou nesta terça-feira (10) a ativista Greta Thunberg, 22 anos, e outros quatro tripulantes do barco Madleen. A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do país, um dia após o veleiro com destino a Gaza ser interceptado pelas forças armadas israelenses.
O brasileiro Thiago Ávila é um dos oito membros da equipe que permanecem detidos pelo governo israelense (entenda abaixo). O grupo, composto por 12 ativistas, tentava levar ajuda humanitária a Faixa de Gaza.
— Nós fomos sequestrados em águas internacionais e levados contra nossa própria vontade para Israel — declarou a Greta.
Ela partiu em um voo para a França e depois seguiu para seu país natal, a Suécia, segundo publicação do Ministério das Relações Exteriores israelense no X (antigo Twitter) acompanhada por uma foto de Greta , sentada em um avião. A ativista é conhecida por evitar viagens aéreas para não contribuir com a emissão de gases poluentes.
Barco Madlenn interceptado
O barco de ajuda humanitária Madleen, que transportava ajuda para Gaza com um grupo de ativistas a bordo, pertencente à Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês). Ele foi desviado pelas autoridades israelenses na madrugada de segunda-feira (9).
Após uma escala no Egito, a embarcação havia se aproximado da costa de Gaza, apesar das advertências de Israel, que ordenou ao exército que impedisse a entrada do veleiro no território palestino.
O governo israelense acusou Greta Thunberg e outros passageiros a bordo do barco de terem "tentado encenar uma provocação midiática com a única intenção de fazer publicidade".
Israel também chamou o navio de "iate selfie" com uma quantidade "insignificante" de ajuda, que equivaleria a menos do que uma carga de caminhão.

O ministro israelense da defesa, Israel Katz, justificou a interceptação do barco.
— O Estado de Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objetivo é impedir a transferência de armas ao Hamas, uma organização terrorista assassina que mantém nossos reféns e comete crimes de guerra — afirmou.
O que aconteceu com a tripulação
A FFC afirmou que, além de Greta, foram deportados os franceses Baptiste Andre e Omar Faiad, e o espanhol Sergio Toribio, que criticou as ações de Israel ao chegar a Barcelona:
— É imperdoável, é uma violação dos nossos direitos. É um ataque pirata em águas internacionais — declarou a jornalistas.
A coalizão disse que incentivou alguns membros do grupo a aceitarem a deportação para que pudessem relatar suas experiências livremente. Outros oito passageiros não teriam aceitado deixar o país imediatamente e foram detidos, aguardando julgamento pelas autoridades israelenses. Entre eles está o brasileiro Thiago Ávila.
Sabine Haddad, porta-voz do Ministério do Interior de Israel, informou que os ativistas deportados nesta abriram mão do direito de comparecer perante um juiz. Aqueles que não o fizeram serão levados a tribunal e permanecerão detidos por até 96 horas antes da deportação.
Reação de autoridades
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota no inicio da manhã de segunda em que afirma que acompanhava a interceptação e pedia a libertação dos ativistas.
"Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos. Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante."
Entre os passageiros, há seis cidadãos franceses, incluindo a eurodeputada franco-palestina de esquerda Rima Hassan.
O presidente francês Emmanuel Macron disse que “transmitiu todas as mensagens” a Israel para que a “proteção” de seus seis cidadãos “esteja garantida” e que eles possam “retornar ao solo francês”.
Ele também classificou o bloqueio humanitário em Gaza como um “escândalo”.
Calamidade em Gaza
Israel e Egito impuseram diferentes graus de bloqueio a Gaza desde que o grupo Hamas tomou o controle da região em 2007. Israel alega que o bloqueio é necessário para impedir o contrabando de armas, enquanto críticos consideram a medida uma forma de punição coletiva à população.
Durante a guerra de 20 meses em Gaza, Israel restringiu e, por vezes, bloqueou completamente a ajuda ao território, incluindo alimentos, combustível e medicamentos. Especialistas afirmam que essa política levou Gaza à beira da fome. Israel argumenta que o Hamas desvia a ajuda para sustentar sua estrutura de poder.