
O Irã lançou uma nova onda de mísseis contra Israel neste domingo (15), mesmo dia em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alertou que Teerã "pagará um preço muito alto" após a morte de civis israelenses.
Em cidades de Israel, que continua os ataques contra instalações militares e depósitos de combustível em solo iraniano, a população foi convocada a se abrigar em refúgios pelo terceiro dia consecutivo, enquanto soavam os alertas para a chegada de mais uma salva de mísseis balísticos disparados pelo Irã.
Já na capital iraniana, Teerã, o governo anunciou que mesquitas, estações de metrô e escolas serviriam de abrigo para a população a partir da noite deste domingo.
O número de vítimas em decorrência do conflito entre os dois países aumentou nas últimas horas.
Em Israel, os ataques na madrugada de sábado (14) e domingo deixaram 10 mortos e mais de 200 feridos, segundo os serviços de emergência e a polícia — elevando o total de óbitos para 13 desde sexta-feira (13).
No Irã, pelo menos 128 pessoas morreram e cerca de 900 ficaram feridas, segundo o jornal Etemad, citando como fonte o Ministério da Saúde.
Trump pede "acordo" entre os países
O objetivo de Israel é atacar "todas as instalações e alvos do regime" no Irã, disse Netanyahu no sábado.
O conflito começou na sexta-feira, quando o exército israelense lançou um ataque sem precedentes e em larga escala contra o Irã, com o objetivo declarado de impedi-lo de adquirir armas nucleares.
Após décadas de guerra indireta e operações pontuais, esta é a primeira vez que os dois países se envolvem em um confronto militar tão intenso.
Neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Israel, instou as partes a "chegarem a um acordo". Ele disse ser "possível" que seu país se envolva no conflito, mas afirmou que "não está envolvido neste momento".
Israel atinge 80 alvos em Teerã

O exército israelense relatou ter atingido 80 alvos em Teerã neste domingo, que mobilizaram "cerca de 50 caças".
Os alvos incluíam instalações nucleares e dois depósitos de combustível. Novas explosões foram ouvidas na capital iraniana durante a tarde (pelo horário local).
Segundo a agência de notícias iraniana Isna, um dos alvos foi a sede da polícia no centro da capital, onde cafés e lojas reabriram e o tráfego foi retomado.
O chefe da polícia rodoviária, Ahmad Karami, relatou à agência sobre "trânsito intenso nos pontos de saída da capital" e um "aumento" no número de veículos saindo de Teerã.
O exército israelense solicitou aos iranianos que evacuem as áreas "próximas às instalações militares". Também relatou ter atingido o Ministério da Defesa e a Organização de Pesquisa e Inovação em Defesa, que considera o coração do projeto de armas nucleares do Irã.
Programa nuclear no centro do conflito

Na manhã deste domingo, sirenes soaram novamente em várias cidades israelenses. Em Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, vários prédios residenciais foram destruídos por ataques iranianos.
— Não sobrou nada, não há casa, acabou! — disse Evgenia Doudka, cujo apartamento foi destruído.
— O alarme disparou e fomos para o abrigo. De repente, todo o abrigo estava coberto de poeira, e foi aí que percebemos que um desastre tinha acabado de acontecer.
A maioria dos mísseis e drones iranianos foi interceptada, de acordo com o exército israelense, e os Estados Unidos auxiliaram Israel a derrubá-los, disse uma autoridade americana na sexta-feira.
A campanha aérea massiva contra o Irã, lançada por Israel na sexta-feira, matou funcionários de alto escalão do regime iraniano, incluindo o chefe da Guarda Revolucionária, Hosein Salami, o chefe do Estado-Maior do Exército, Mohamed Baqeri, e nove cientistas do programa nuclear.
Tanto Israel quanto os países ocidentais acusam o Irã de buscar a aquisição de armas nucleares, algo que Teerã nega. O governo defende ter direito de desenvolver um programa nuclear civil.
Os ataques israelenses tiveram como alvo, entre outros, o centro de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, cuja superfície foi destruída, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).
Israel também disse que "desmantelou" uma usina de conversão de urânio em Isfahan. Depois de atacar sistemas de defesa aérea e dezenas de lançadores de mísseis, o país afirmou no sábado que agora tem "liberdade de ação aérea em todo o oeste do Irã, até Teerã".