
Após o bombardeio ordenado por Donald Trump contra instalações nucleares no Irã, o Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, segundo a mídia local.
A medida ainda precisa passar pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei para entrar em vigor.
O Irã já havia ameaçado fechar o estreito caso os Estados Unidos entrassem no conflito com Israel — e os americanos atacaram instalações nucleares iranianas no sábado (21). Mas qual seria o impacto da medida caso seja colocada em prática?
Caso se confirme, o fechamento pode representar grande efeito para o comércio global, sobretudo de petróleo. Só as tensões na última semana já haviam feito a cotação do barril do tipo brent, principal referência global, subir para nível mais alto desde dezembro do ano passado, para perto dos US$ 80.
O que ocorre é que 20% do petróleo e do gás natural global passa pelo Estreito de Ormuz, que é controlado pelos iranianos. O óleo que sai da Arábia Saudita (veja mapa acima), um dos maiores produtores do mundo, por exemplo, pode encontrar dificuldade para ser transportado caso o trecho seja fechado.
Com menor oferta no mercado, o preço do petróleo tende a subir. Possíveis atrasos e elevação de custos de transporte também entram na equação.
O impacto mais óbvio é aumento do preço dos combustíveis. No entanto, também há o chamado efeito-cascata, que contagia a cadeia de suprimentos global pelo valor do frete, seja rodoviário ou marítimo. A matéria-prima fóssil também está na composição de outros produtos, como embalagens de alimentos.
Significa que pode pressionar a inflação brasileira. É bom lembrar que o indicador já opera acima da meta, que é 3%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no acumulado de 12 meses até maio, está em 5,32%.
Analistas do gigante financeiro JPMorgan afirmam que, no pior cenário, o fechamento do Estreito de Ormuz ou uma retaliação por parte dos principais produtores de petróleo da região poderia levar os preços do petróleo para a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril.
Ameaça é antiga
O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico (ao norte) com o Golfo de Omã e com o Mar da Arábia (ao sul). Na sua parte mais estreita, tem 33 quilômetros de largura, com 3 quilômetros navegáveis em cada direção.
Membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque, exportam a maior parte do seu petróleo pelo trecho, principalmente para a Ásia.
Conforme o g1, ao longo dos últimos anos, o Irã já ameaçou bloquear o Estreito de Ormuz em diversas ocasiões, mas nunca cumpriu a promessa. Durante esse período, Emirados Árabes e a Arábia Saudita têm buscado rotas alternativas para não depender do estreito.
Os Estados Unidos são os responsáveis por proteger a navegação comercial no Estreito de Ormuz. A região é monitorada pela 5ª Frota da Marinha americana, com base no Bahrein.