
O mundo voltou a acompanhar com apreensão os desdobramentos de um novo conflito no Oriente Médio. Na noite de sábado (21), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o país estava oficialmente em guerra com o Irã após ordenar ataque de larga escala contra três instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Esfahan.
A ofensiva, inédita em escala e armamento, desencadeou uma onda de reações no Irã, em Israel e na comunidade internacional, acentuando o temor de uma escalada militar com consequências imprevisíveis.
A operação militar foi confirmada por Trump nas redes sociais com uma mensagem em tom triunfal:
“Todos os aviões estão fora do espaço aéreo iraniano. Todos em segurança a caminho de casa. Parabéns aos nossos grandes guerreiros americanos. AGORA É A HORA DA PAZ!”, escreveu.
Horas depois, o presidente fez um pronunciamento formal justificando a ação como “passo necessário para garantir a paz mundial” e impedir que o Irã se torne uma potência nuclear e terrorista. Trump também afirmou que os Estados Unidos seguirão atacando se o Irã continuar representando uma ameaça.
A ofensiva, batizada de Midnight Hammer (Martelo da Meia-Noite, do inglês), foi meticulosamente planejada e mobilizou cerca de 125 aeronaves militares e submarinos que lançaram dezenas de mísseis de cruzeiro Tomahawk.
Entre os armamentos utilizados, estão 14 superbombas do tipo MOP (Massive Ordnance Penetrator), também conhecidas como “destruidoras de bunkers”. Cada bomba pesa mais de 13 toneladas e pode atingir estruturas a mais de 60 metros de profundidade. É a primeira vez que esse tipo de munição é utilizado em combate real.

As imagens de satélite da empresa americana Maxar confirmam os danos à usina de Fordow, evidenciando os pontos de entrada das bombas e a destruição de túneis que conectam instalações subterrâneas — algumas delas, segundo a inteligência israelense, situadas até 90 metros sob rochas sólidas.

Reação iraniana
O Irã confirmou os ataques e reagiu com dureza. A Organização de Energia Atômica do país classificou a ação como um "ato bárbaro" e reafirmou que o programa nuclear iraniano seguirá em curso, mesmo diante das ofensivas.
“Não permitiremos que o caminho do desenvolvimento desta indústria nacional — que é o resultado do sangue de mártires nucleares — seja interrompido”, afirmou a agência em nota oficial.
O parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, ponto estratégico por onde passa cerca de um quinto do petróleo mundial. A medida, que ainda depende de aprovação do aiatolá Ali Khamenei, pode agravar a tensão global em torno do fornecimento de energia.
Em coletiva de imprensa realizada no domingo (22) em Istambul, o chanceler iraniano Abbas Araghchi disse que os Estados Unidos “cruzaram uma linha vermelha muito perigosa” ao atacar as instalações nucleares:
“Não há linha vermelha que eles não tenham ultrapassado.”
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, afirmou no domingo que "o inimigo sionista cometeu um grande erro" e "deve ser punido". Foi o primeiro pronunciamento de Khamenei após o ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas.
"O inimigo sionista cometeu um grande erro, cometeu um grande crime; deve ser punido — e está sendo punido. Está sendo punido neste exato momento", publicou Khamenei em sua conta na rede social X.

Mísseis contra Israel e ameaça a norte-americanos

Neste domingo pela manhã, o Irã disparou duas ondas de mísseis contra o território de Israel. Três regiões, incluindo Tel Aviv, foram atingidas. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas, segundo serviços de resgate e autoridades locais.
O ataque foi o primeiro movimento militar direto do Irã após a entrada oficial dos Estados Unidos no conflito. Emissoras estatais iranianas avisaram que tropas americanas na região agora se tornaram “alvos legítimos”. Segundo estimativas, cerca de 40 mil soldados e civis americanos trabalham para o Pentágono no Oriente Médio — em países como Iraque, Bahrein e Kuwait — e podem estar na linha de fogo direta.
“Cinquenta mil tropas dos Estados Unidos na região estão ao alcance do Irã, e o líder supremo prometeu que venceremos esta guerra”, afirmou um apresentador da TV estatal iraniana.
A tensão obrigou os Estados Unidos a retirarem funcionários não essenciais das embaixadas nos três países.
Israel agradece EUA e entra em estado de alerta
Aliado histórico dos Estados Unidos, Israel adotou medidas emergenciais. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu agradeceu a Trump pelo ataque.
“A história registrará que o presidente Trump agiu para negar ao regime mais perigoso do mundo as armas mais perigosas do mundo”, escreveu em uma rede social.
Logo depois do ataque dos Estados Unidos ao Irã, as Forças de Defesa de Israel alertaram para a possibilidade de novos bombardeios iranianos ou de grupos aliados. O governo decidiu, então, suspender aulas, proibir o funcionamento de escritórios não essenciais e reforçou medidas de segurança.
Repercussão internacional
A ofensiva norte-americana contra o Irã provocou reações divergentes ao redor do mundo:
- ONU: o secretário-geral António Guterres classificou a ação como “uma escalada perigosa” e alertou para o risco de “consequências catastróficas”
- Colômbia: o presidente Gustavo Petro criticou duramente os EUA, afirmando que o ato “incendeia o Oriente Médio” e afeta o mundo inteiro
- Brasil: o governo brasileiro condenou “com veemência” os ataques, apontando “grave ameaça à vida civil” e à estabilidade da região
- Rússia e China: os dois países condenaram os bombardeios e defenderam o cessar-fogo imediato. Em reunião de emergência na ONU, a China cobrou uma resolução urgente exigindo fim das hostilidades e retorno ao diálogo
- União Europeia: Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, reiterou que “a mesa de negociações é o único lugar possível para resolver a crise”
Divisão política nos EUA
Internamente, o ataque também provocou reação mista nos Estados Unidos. Parte do Partido Republicano apoiou Trump, com elogios de nomes como Lindsey Graham e John Cornyn.
Já parlamentares democratas, como Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib, criticaram a ausência de autorização do Congresso e pediram o impeachment do presidente.
— Trump atacou sem autorização. Estamos diante de um ato de guerra — disse Ocasio-Cortez.
Entretanto, vozes democratas como a do senador John Fetterman, defensor de Israel, apoiaram a ofensiva, reforçando a necessidade de impedir que o Irã adquira capacidade nuclear.
Bases americanas sob ameaça
Especialistas alertam que as principais bases americanas no Oriente Médio — Iraque, Bahrein e Kuwait — estão vulneráveis a ataques balísticos, que poderiam atingir os alvos em até quatro minutos. As localizações mais sensíveis incluem:
- Iraque: cerca de 2,5 mil soldados americanos, baseados em Bagdá, no norte e no deserto ocidental. A base de Ain al-Asad já foi atacada por drones aliados ao Irã
- Bahrein: quartel-general com 9 mil militares em Manama, com missão estratégica no Estreito de Ormuz
- Kuwait: abriga cinco bases americanas, com cerca de 13,5 mil soldados. O país tem laços militares próximos aos EUA desde a Guerra do Golfo
Risco de guerra regional
Os ataques deste fim de semana intensificam o conflito que, nas últimas semanas, já envolvia trocas de mísseis entre Irã e Israel. Desde 12 de junho, ambos os países promovem bombardeios mútuos em Teerã, Tel Aviv, Jerusalém e Haifa.
A escalada reacende temores de uma guerra aberta no Oriente Médio, com envolvimento direto de potências globais e ameaça à estabilidade econômica e energética mundial.
Israel amplia ofensiva dentro do Irã
Mesmo após o ataque das forças americanas às instalações nucleares iranianas, Israel manteve operações militares dentro do território do Irã neste domingo. Em publicação na rede social X, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram que 20 caças israelenses realizaram bombardeios em cidades como Teerã, Quermanxá e Hamadã.
De acordo com o comunicado, os alvos incluíam centros de armazenamento e lançamento de mísseis, sistemas de radar e satélite e um lançador de mísseis ar-terra.
“Esses ataques fazem parte do nosso esforço contínuo para degradar as capacidades militares do regime iraniano e proteger a área”, afirmou a IDF.
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