
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta segunda-feira (16) que os moradores de Teerã deixem imediatamente a cidade, endossando os alertas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que lançou um ataque em massa contra o Irã.
"Todos devem evacuar Teerã imediatamente!", escreveu Trump em sua conta na plataforma Truth Social, durante uma cúpula do G7 no Canadá, sem fornecer mais detalhes.
O republicano também afirmou que deixará a cúpula do G7 nesta segunda à noite — um dia antes do previsto — devido ao conflito entre Israel e Irã, informou a Casa Branca depois que o magnata advertiu aos moradores de Teerã que fugissem.
"Devido aos acontecimentos no Oriente Médio, o presidente Trump partirá esta noite após o jantar com os chefes de Estado", escreveu a secretária de imprensa Karoline Leavitt na rede social X.
Na mesma rede social, Alex Pfeiffer, um porta-voz da Casa Branca, disse que os EUA manterão uma postura defensiva.
"Nós defenderemos os interesses americanos", afirmou.
Controle do espaço aéreo e ataque a TV
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) conduziram ataques contra alvos militares em Teerã durante o dia. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que tem o "controle" do espaço aéreo da região. Ele também afirmou que a orientação é para que os moradores de Teerã evacuem a região.
Também nesta segunda, um bombardeio israelense atingiu o prédio da TV estatal do Irã, interrompendo a transmissão ao vivo do canal. A explosão ocorreu enquanto uma apresentadora criticava Israel, antes de ser vista saindo do estúdio, informou a mídia iraniana, que compartilhou um vídeo do ataque.
A emissora estatal afirmou à rede britânica BBC, sem precisar os números, que "vários" funcionários foram mortos.
Eliminação de lideranças
Em entrevista à rede americana ABC News, Benjamin Netanyahu sugeriu que assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, "acabaria com o conflito" entre os dois países.
— Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito — disse.
O premiê ainda afirmou que Israel está matando "um a um" os líderes militares do Irã e "mudando a cara do Oriente Médio", segundo a agência AFP.
Irã faz novas ameaças
Em resposta ao ataque à TV estatal, o Irã emitiu alertas de evacuação para os canais de notícias israelenses N12 e N14. A ameaça é uma "resposta ao ataque hostil" de Israel "contra o serviço de transmissão da República Islâmica do Irã", segundo a mídia estatal.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, alertou que o país responderá com mais força caso os ataques de Israel se intensifiquem. Segundo ele, "as respostas do Irã se tornarão mais decisivas e severas" se as ações hostis persistirem. Na noite de segunda (ainda de tarde em Brasília), o país afirmou ter lançado mísseis contra Tel Aviv e Haifa. Israel não confirmou a existência dos ataques.
A agência estatal iraniana ainda informou que o país executou um homem condenado por espionar para o Mossad, o serviço secreto israelense. O suposto espião, identificado como Esmail Fekri, foi enforcado com o aval da Suprema Corte do Irã.
Resposta aos EUA
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, disse que os ataques de Israel tiveram como propósito impedir um acordo nuclear entre Teerã e Washington. Sobre a possibilidade de negociação com os EUA, o chanceler afirmou que um eventual ingresso americano nos combates "destruiria qualquer chance de solução negociada".
— Se o presidente Trump realmente acredita na diplomacia e quer parar esta guerra, os próximos passos são cruciais. Basta um telefonema de Washington para calar alguém como Netanyahu — disse Araghchi.
Brasileiros em Israel
Um grupo com 12 políticos brasileiros deixou o território israelense pela fronteira terrestre com a Jordânia na manhã desta segunda, de acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Um outro membro da comitiva, cujo nome não foi revelado, optou por não seguir com o grupo e continuar em Israel devido ao risco de bombardeios no trajeto até a fronteira com a Jordânia.
O grupo com 12 pessoas já se encontra no território da Jordânia, onde foi recebido pela embaixada brasileira. A operação de travessia durou cerca de 1h40min, e agora a delegação segue por terra para a Arábia Saudita, onde o espaço aéreo está aberto. De lá, a comitiva deve embarcar em um avião particular e retornar ao Brasil.
O secretário de Segurança de Porto Alegre, Alexandre Aragon, está em Israel e preferiu não deixar o país.
— O plano é cumprir a missão, terminar a missão e ajudar no que foi possível aqui. Esse é o meu plano — afirmou em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
"É assustador"
A jornalista gaúcha Danuza Mattiazzi, da GloboNews, detalhou a rotina dos moradores de Tel Aviv, em Israel, ao Gaúcha Atualidade. Ela disse ser assustador ouvir o barulho das bombas.
— É muito assustador você começar a ouvir bombas, explosões de mísseis balísticos sendo interceptados pelo iron dome ("domo de ferro", em português, sistema israelense de defesa antimísseis). É um barulho muito forte. Eu fico dentro de um quarto que tem paredes grossíssimas, com várias camadas de concreto e ferro, mesmo assim a gente ouve barulho, treme um pouco, então é assustador.