A carioca Juliana Marins, 26 anos, teve o drama compartilhado nos últimos dias após sofrer uma queda durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia. Depois de dias de buscas e campanhas nas redes sociais por informações, ela foi encontrada morta nesta terça-feira (24). No dia anterior, ela foi vista cerca de 500 metros abaixo do ponto onde teria despencado.
Juliana Marins, 26 anos, era natural de Niterói, no Rio de Janeiro, e formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuou na área de produção e conteúdo em canais como Off e Multishow, experiência registrada em seu perfil no LinkedIn, onde acumulava elogios profissionais.
Apaixonada por viagens e aventuras, organizou por conta própria um mochilão pela Ásia, iniciado no fim de fevereiro. O estilo da viagem, mais independente e sem guia fixo, permitia a ela montar seu próprio roteiro e explorar com mais liberdade os países que visitava.
Durante o percurso, Juliana passou por Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia. Em suas redes sociais, compartilhava registros das experiências, incluindo paisagens, mergulhos e momentos de lazer.
A última publicação em seu Instagram, feita em 10 de junho, reúne 17 fotos na Indonésia. Com a repercussão do caso, o perfil da jovem passou a contar com mais de 274 mil seguidores.
Há cerca de três semanas, ela relatou que teve crises de ansiedade e afirmou nunca ter se sentido tão viva quanto durante a viagem:
"Minhas emoções esse mês foram como as curvas de ha giang (cidade vietnamita). A viagem ao Vietnã começou incrível, até que, na próxima curva, tive algumas crises de ansiedade e, logo na virada seguinte, vivi uma das melhores fases dessa aventura. Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente tá acostumado. e tá tudo bem. Nunca me senti tão viva", escreveu.
Amor por pole dance
Além da carreira na Comunicação, Juliana também se destacava nas atividades físicas, como natação e em corridas de rua, inclusive em eventos internacionais.
Também praticava pole dance. Orgulhosa de sua trajetória de mais de dois anos na modalidade, Juliana também fomentava a atividade em sua cidade natal. Era uma das idealizadoras do Niterói Pole Show, primeiro festival dedicado à prática no município.
Em uma publicação de homenagem, a organização do evento destacou que Juliana participou ativamente da concepção e planejamento do festival. A jovem já havia confirmado presença no palco do evento, com uma apresentação preparada ao som de Pena que acabou, música escolhida por ela.
Como foi a queda de Juliana Marins
De acordo com a irmã de Juliana, a queda aconteceu no último sábado (21) enquanto ela fazia uma trilha no vulcão Rinjani, com um grupo de mais cinco pessoas e um guia local. A caminhada já estava no segundo dia quando a brasileira disse ao guia que estava cansada para continuar. Ele teria falado para ela descansar e seguido viagem com os demais turistas.
— A gente tinha recebido a informação que o guia tinha ficado com ela, que ela tinha tropeçado e caído. Não foi isso que aconteceu — disse Mariana Marins, que complementou:
— O guia só seguiu viagem para chegar até o cume. A gente só tem essas informações de mídia local. Juliana ficou desesperada porque ninguém mais voltou e caiu. Abandonaram Juliana.
Buscas foram iniciadas anteriormente, mas interrompidas devido às condições climáticas.
A forma como as autoridades da Indonésia trataram o caso foi criticada pela família, que afirmou que o comportamento do tempo é padrão nesta época do ano: "Eles têm ciência disso e não agilizam o processo de resgate! Lento, sem planejamento, competência e estrutura!".
Juliana foi avistada por um drone na manhã de segunda-feira (23), cerca de 500 metros abaixo do ponto da queda. Estava desaparecida desde sexta-feira (20) e passou mais de 60 horas sem água, comida ou proteção contra o frio.
Mesmo com as buscas oficiais suspensas por conta das condições climáticas, um grupo de alpinistas voluntários entrou em contato com a família e decidiu agir por conta própria. Eles se organizaram e partiram em direção ao local onde estimavam que Juliana estivesse. A expectativa era alcançar o ponto nesta terça-feira (24) — quando, de fato, localizaram a brasileira já sem vida.
Terreno e clima atrapalham buscas
O Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia, com 3.726 metros de altitude. A trilha onde Juliana sofreu o acidente é considerada de alto risco, com trechos íngremes e instáveis.
Frequentemente encoberto por neblina e sereno, o local é caracterizado por ter pedras extremamente lisas — uma das causas apontadas para a queda.
As condições meteorológicas pioraram nos últimos dias, forçando a suspensão temporária das buscas. A visibilidade prejudicada e o risco de novos acidentes entre os socorristas atrasaram ainda mais a operação.