O conflito entre Israel e Irã chega ao quarto dia nesta segunda-feira (16). Pelo menos oito pessoas morreram em território israelense durante o ataque mais recente, totalizando 24 mortes no país desde sexta-feira (13).
No Irã, são 224 mortos desde sexta e pelo menos 1.277 feridos.
De acordo com um porta-voz do exército israelense, o país teria destruído um terço dos lançadores de mísseis terra-terra iranianos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que está em "controle" do espaço aéreo do Irã. Ele também afirmou que a orientação é para que os moradores de Teerã evacuem.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, afirmou que não ocorreram danos adicionais na unidade de enriquecimento de urânio de Natanz, no Irã, desde o começo dos ataques e que o nível de radioatividade externo continua inalterado e em níveis normais, sem impactos para a população ou ambiente.
De acordo com autoridades do Oriente Médio, o Irã tem sinalizado que deseja o fim do conflito e que quer retomar as negociações a respeito do seu programa nuclear, desde que os EUA não se juntem ao embate.
A escalada da tensão começou na sexta-feira, noite de quinta no Brasil, quando forças israelenses iniciaram série de ataques ao território iraniano. A imprensa local confirmou a morte do chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, e o Irã prometeu "uma resposta forte".
Desde então, ataques mútuos têm marcado dias e noites nos dois países.
Veja as últimas atualizações do conflito
Morte do chefe de inteligência da Guarda Revolucionária do Irã
O chefe de inteligência da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Kazemi, foi morto no domingo (15), junto a outros dois oficiais, em um ataque aéreo israelense. A informação é da agência de notícias oficial Irna.
Reunião de emergência convocada
A União Europeia convocou uma reunião de emergência com os ministros das Relações Exteriores dos 27 países do bloco para a próxima terça-feira (17). O encontro via videoconferência deverá discutir o conflito entre Israel e Irã.
A reunião "proporcionará uma oportunidade para troca de opiniões, coordenação sobre a aproximação diplomática com Tel Aviv e Teerã e possíveis próximos passos", segundo o gabinete da chefe de política externa da UE, Kaja Kallas.
Onda de ataques
Israel atacou instalações militares e depósitos de combustível em solo iraniano, incluindo "dezenas" de ataques contra infraestruturas que abrigam mísseis no oeste do Irã.
Os militares também anunciaram a destruição de um avião iraniano de reabastecimento de combustível no aeroporto de Mashhad, a terceira maior cidade do país, no leste, bem como alvos em Teerã, a capital, incluindo o Ministério da Defesa e a Organização de Inovação e Pesquisa Defensiva, considerada o coração do projeto de armas nucleares do Irã.
Do outro lado, o Irã lançou uma nova sequência de mísseis contra Israel, atingindo vários pontos do país, segundo as forças israelenses.
Em Teerã, a televisão estatal noticiou a morte de pelo menos cinco pessoas em um ataque israelense a um prédio residencial. O governo iraniano anunciou que mesquitas, estações de metrô e escolas serviriam de abrigo para a população.
"Agimos para proteger nós e o mundo", diz Netanyahu
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques que tiveram início na última sexta contra o Irã têm o objetivo de proteger Israel e o mundo inteiro do "regime incendiário iraniano". A declaração foi feita no domingo, em entrevista à emissora de TV norte-americana Fox News.
— Nosso foco de ataque foram localidades nucleares e militares. O deles foram espaços onde há civis israelenses. Pagarão um alto preço pela matança de civis, mulheres e crianças — afirmou.
Ele ressaltou que uma mudança de regime não é o objetivo das operações de Israel no Irã, mas pode ser o resultado:
— Certamente poderia ser o resultado porque o regime iraniano é muito fraco.
"É possível que possamos nos envolver", diz Trump
Também no domingo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país pode se envolver no conflito. A declaração foi feita a uma correspondente política da ABC News em uma entrevista fora das câmeras.
"É possível que possamos nos envolver" no conflito em curso: é o que teria dito Trump, segundo a publicação no perfil na rede social X da jornalista Rachel Scott.
O presidente reforçou, porém, que os Estados Unidos "não estão neste momento" envolvidos nas ações militares entre Israel e Irã, adversários históricos no Oriente Médio.
Na rede social Truth, o republicano pressionou os dois países a negociarem e insinuou que poderá usar o comércio nas tratativas.
"Irã e Israel deveriam fazer um acordo, e farão um acordo, assim como eu fiz com a Índia e o Paquistão, nesse caso usando o comércio com os Estados Unidos para trazer razão, coesão e sanidade às negociações com dois líderes excelentes que foram capazes de tomar uma decisão rapidamente e parar", afirmou.
Horas depois, o presidente dos Estados Unidos afirmou a repórteres na Casa Branca que há "grande chance" de um acordo entre Irã e Israel, algo que ele inclusive diz esperar. Por outro lado, disse também que "às vezes os países precisam lutar entre si".
Comunidade internacional busca mediar conflito
Além dos Estados Unidos, parte da comunidade internacional também busca mediar o conflito entre Israel e Irã. Os governos da França, do Reino Unido e da Rússia, por exemplo, fizeram declarações.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a questão será abordada em reunião do G7 esta semana, no Canadá, com o objetivo de "prevenir qualquer escalada na aquisição de capacidade nuclear pelo Irã e evitar qualquer tipo de conflagração na região".
Já o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, reiterou a prioridade de "diplomacia e diálogo, visando uma desescalada o mais rápido possível". É o que consta em nota do governo do Reino Unido, deste domingo. Também há "um grande esforço de mediação por parte dos Estados árabes do Golfo para pôr fim ao conflito entre Israel e Irã".
Trump teria vetado plano israelense para matar líder iraniano
Também neste domingo, funcionário dos EUA disse à AFP que Donald Trump vetou um plano israelense para assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.
"Descobrimos que os israelenses tinham planos para atingir o líder supremo do Irã. O presidente Trump foi contra isso e dissemos aos israelenses para não o fazerem", afirmou o funcionário americano, falando sob condição de anonimato.