
O resgate da brasileira Juliana Marins, 26 anos, que caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, enfrentou alguns desafios complexos. A jovem, natural de Niterói, no Rio de Janeiro, estava desaparecida desde que escorregou e despencou por cerca de 300 metros em uma das encostas do vulcão localizado na ilha de Lombok.
A operação de resgate, iniciada há três dias, tem sido marcada por dificuldades climáticas, geográficas e logísticas. Isso porque Juliana caiu em uma área de difícil acesso, coberta por vegetação densa e pedras escorregadias. Nesta terça-feira (24), as equipes conseguiram chegar ao local, mas encontraram Juliana já morta.
Segundo relatos da família, a brasileira chegou a ser vista após o acidente, mas as condições do local impediram a aproximação das equipes.
Terreno e clima atrapalham buscas
O Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia, com 3.726 metros de altitude. A trilha onde Juliana sofreu o acidente é considerada de alto risco, com trechos íngremes e instáveis.
Frequentemente encoberto por neblina e sereno, o local é caracterizado por ter pedras extremamente lisas — uma das causas apontadas para a queda.
As condições meteorológicas pioraram nos últimos dias, forçando a suspensão temporária das buscas. No domingo (22), com a melhora do tempo, os trabalhos foram retomados, mas a instabilidade climática seguiu sendo uma ameaça constante.
A visibilidade prejudicada e o risco de novos acidentes entre os socorristas atrasaram ainda mais a operação.
Equipes não conseguiram acessar Juliana
Segundo Mariana Marins, irmã da vítima, informações de um suposto resgate bem-sucedido foram desmentidas. O motivo: as cordas levadas pelas equipes não eram longas o suficiente para alcançar Juliana.
Além disso, a jovem não estaria mais no ponto exato em que havia sido localizada anteriormente, tendo provavelmente escorregado ainda mais por conta da instabilidade do terreno.
A movimentação da vítima também é limitada. Após a queda, Juliana não conseguia se levantar e movia apenas os braços, segundo relatos da família. Essa incerteza sobre a localização exata – agravada pela neblina constante – complica os esforços de quem atua nas buscas.
Helicóptero era visto como "última esperança"
A ausência de recursos aéreos, como helicópteros, foi outro problema apontado pela família. Até achá-la morta, as buscas ocorriam de forma terrestre.
Segundo Mariana, a família via no envio de uma aeronave como a "última esperança" para que a jovem possa ser resgatada com vida.
O uso de helicópteros, no entanto, depende de condições climáticas mínimas de segurança, o que nem sempre é possível na região.
Quem é Juliana Marins
Juliana Marins tem 24 anos e é natural de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A jovem é dançarina profissional de pole dance e costuma compartilhar vídeos de suas performances nas redes sociais.
Desde fevereiro, ela está em uma viagem pela Ásia, com passagens pelo Vietnã, Tailândia e Filipinas.
A brasileira realizava uma trilha turística no Monte Rinjani quando sofreu o acidente. Desde então, amigos, familiares e seguidores têm feito campanha nas redes para mobilizar apoio internacional às buscas.
O acidente
De acordo com a irmã de Juliana, a queda aconteceu enquanto ela fazia uma trilha no vulcão Rinjani, com um grupo de mais cinco pessoas, acompanhado de um guia local.
A caminhada já estava no segundo dia quando a brasileira disse ao guia que estava cansada para continuar. Ele teria falado para ela descansar e seguido viagem com os demais turistas.
— O guia falou: "Então descansa". E seguiu viagem. A gente tinha recebido a informação que o guia tinha ficado com ela, que ela tinha tropeçado e caído. Não foi isso que aconteceu — explica a irmã.
— O guia só seguiu viagem para chegar até o cume. A gente só tem essas informações de mídia local. Juliana ficou desesperada porque ninguém mais voltou e caiu. Abandonaram Juliana.
Nota do Itamaraty
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, pediu reforços no trabalho de resgate de Juliana ao alto escalão do governo indonésio.
Conforme a pasta, desde que foi acionada pela família da turista, a embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades locais para o envio de equipes de resgate para a área do vulcão.
O embaixador do Brasil em Jacarta entrou pessoalmente em contato com o diretor da Agência Nacional de Combate a Desastres da Indonésia e tem recebido das autoridades locais os relatos sobre o andamento dos trabalhos.
Leia a nota na íntegra
"Equipes do Agência de Busca e Salvamento da Indonésia iniciaram há pouco o terceiro dia do esforço de resgate de turista brasileira no Mount Rinjani (3.726 metros de altura), vulcão localizado na ilha de Lombok, a cerca de 1.200 km de distância de Jacarta. De acordo com informações recebidas pela equipe, a turista teria caído de um penhasco que circunda a trilha junto à cratera do vulcão.
Desde que acionada pela família da turista, a embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades locais, no mais alto nível, o que permitiu o envio das equipes de resgate para a área do vulcão onde ocorreu a queda, em região remota, a cerca de quatro horas de distância do centro urbano mais próximo. O embaixador do Brasil em Jacarta entrou pessoalmente em contato com Diretor Internacional da Agência de Busca e Salvamento e com o Diretor da Agência Nacional de Combate a Desastres da Indonésia, e tem recebido das autoridades locais os relatos sobre o andamento dos trabalhos. Dois funcionários da embaixada deslocam-se hoje para o local com o objetivo de acompanhar pessoalmente os esforços pelo resgate, que foi dificultado, no dia de ontem, por condições meteorológicas e de visibilidade adversas.
O Ministro das Relações Exteriores, em nome do governo brasileiro, também iniciou contatos de alto nível com o governo indonésio com o objetivo de pedir reforços no trabalho de buscas na cratera do Mount Rinjani."