
O jornal norte-americano "The New York Times" divulgou, nesta terça-feira (24), um relatório secreto atribuído à Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos que declara que o programa nuclear do Irã será atrasado "em alguns meses" depois dos ataques norte-americanos. O relatório contesta a versão do presidente Donald Trump, que havia afirmado no sábado (21) que as instalações nucleares do Irã foram "totalmente obliteradas", afirmação reiterada nesta terça-feira.
"Tanto Israel quanto o Irã queriam parar a guerra, igualmente! Foi minha grande honra destruir todas as instalações nucleares e a sua capacidade, então, PAREM A GUERRA", disse em uma postagem nas redes sociais.
Antes dos ataques, a inteligência norte-americana estimava que o Irã levaria cerca de três meses para finalizar uma bomba nuclear. O relatório afirma que o programa foi atrasado em menos de seis meses.
Grande parte do estoque de urânio enriquecido do país teria sido movida antes dos ataques, por isso, pouco material nuclear teria sido destruído. Alguns desses materiais podem ter sido transferidos para locais nucleares secretos mantidos pelo Irã.
Oficiais israelenses também consideram que o Irã mantém instalações secretas no país, o que levaria o exército local a produzir uma bomba "relativamente rápido" se for a intenção. Funcionários da equipe de inteligência americana, por sua vez, consideram que, se o Irã apressasse seus esforços, o dispositivo seria "pequeno e rudimentar".
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, foi questionada sobre o relatório e disse que ele está "totalmente errado", e que é uma tentativa de desonrar Trump.
— Todos sabem o que acontece quando se lançam 14 bombas de 30 mil libras perfeitamente em seus alvos: obliteração total — disse Leavitt.
Militares apresentaram possibilidades para atrasar programa nuclear
Os ataques danificaram gravemente o sistema elétrico em Fordo, que fica profundamente dentro de uma montanha para se proteger de ataques. No entanto, não está claro quanto tempo levará para o Irã ter acesso aos edifícios subterrâneos, reparar os sistemas elétricos e reinstalar equipamentos que foram movidos. (veja abaixo a situação após os ataques).
As avaliações iniciais de danos israelenses também levantaram questões sobre a eficácia dos ataques, com oficiais de defesa israelenses coletando evidências de que as instalações subterrâneas em Fordo não foram destruídas.
Antes dos ataques, os militares dos EUA apresentaram uma série de possibilidades para o atraso do programa iraniano, que variavam de alguns meses no cenário mais otimista a anos no mais pessimista. Contudo, alguns oficiais alertaram que essas estimativas são imprecisas e que é impossível saber exatamente quanto tempo o Irã levaria para reconstruir, caso decida fazê-lo.
Especialistas em não proliferação e analistas de armas dizem que seria quase impossível eliminar completamente a infraestrutura nuclear do Irã, que existe há décadas, apenas com bombardeios. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estima que componentes do programa nuclear do Irã estão espalhados por cerca de 30 locais, alguns reconhecidos e sujeitos a inspeção da AIEA, e outros não.
Um dia antes do início dos ataques israelenses, o Irã anunciou que construía outra instalação de centrífugas e armazenamento de urânio perto de Natanz, enterrada ainda mais profundamente do que a instalação bombardeada em Fordow. Esse novo local não foi atingido nem por Israel nem pelos EUA.