A atuação da Guarda Nacional, convocada por Donald Trump para conter os protestos que ocorrem há três dias em Los Angeles, nos Estados Unidos, durará 60 dias. A declaração foi feita nesta terça-feira (10) pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth.
— Deixamos muito claro que serão 60 dias porque queremos que aqueles manifestantes violentos, saqueadores e marginais que estão atacando nossos policiais saibam que não vamos a lugar nenhum — disse o secretário.
Os protestos em Los Angeles são uma reação à política migratória do governo dos Estados Unidos, especialmente às buscas por imigrantes sem documentos.
Na sexta-feira (6), manifestantes reagiram com gritos e objetos lançados contra os policiais, que responderam com spray de pimenta e munições não letais.
Desde então, os confrontos se intensificaram, com o uso de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, pedras, fogos de artifício e até veículos incendiados. Mais de 150 pessoas foram presas, afirmam as autoridades.
Califórnia aciona Justiça contra medidas
Diante da escalada militar, o governo da Califórnia entrou na Justiça pedindo o bloqueio do envio das tropas.
— Enviar combatentes de guerra às ruas não tem precedentes e ameaça os fundamentos da nossa democracia — declarou o governador Gavin Newsom, que continua com críticas ao presidente dos Estados Unidos:
— Donald Trump se comporta como um tirano, e não como um presidente. Pedimos ao tribunal que bloqueie imediatamente essas ações ilegais.
O documento, assinado por Newsom e pela Promotoria da Califórnia, também solicita que os militares não participem das batidas migratórias, atribuição do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE).
Gavin Newsom chamou a ação de ilegal e acrescentou que Trump "criou as condições" em torno dos protestos. Newsom acusou Trump de tentar fabricar uma crise e violar a soberania do Estado da Califórnia.
O governador diz que as manifestações têm sido pontuais e, em sua maioria, pacíficas, com exceção de algumas lojas e veículos vandalizados. Ele nega que a situação esteja fora de controle:
— Para ser direto, não há invasão nem rebelião em Los Angeles; há distúrbios civis que não diferem dos episódios que ocorrem regularmente em comunidades de todo o país, e que são contidos pelas autoridades estaduais e locais trabalhando em conjunto.
Entenda
Os protestos começaram na sexta-feira, depois de ofensivas de agentes federais pela cidade em busca de imigrantes ilegais em postos de trabalhos. Os policiais foram recebidos com gritos, enquanto alguns atiravam objetos contra eles. A polícia utilizou spray de pimenta e munições não letais para dispersar os manifestantes.
No sábado (7), os atos se espalharam para o centro e para o subúrbio de Paramount, de maioria latina. Manifestantes exibiram bandeiras mexicanas, queimaram uma bandeira americana e gritaram palavras de ordem contra as autoridades migratórias, segundo os jornais Los Angeles Times e The New York Times.
No domingo (8), a Casa Branca ordenou o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional para reprimir os protestos "contra grandes invasões de imigrantes", conforme nota do Comando Norte. No mesmo dia uma repórter australiana foi atingida por uma bala de borracha enquanto fazia uma transmissão ao vivo dos protestos.
Na noite de segunda-feira (9), Trump determinou o envio adicional de 700 fuzileiros navais. As tropas foram posicionadas em torno de prédios do governo federal.
Segundo o Pentágono, o custo estimado da operação é de US$ 134 milhões, incluindo transporte, alojamento e alimentação.
"Não serão tolerados"
Donald Trump culpou a "esquerda radical" por estar por trás dos protestos e tumultos.
"Esses protestos da esquerda radical, por instigadores e, muitas vezes, manifestantes pagos, não serão tolerados. Além disso, a partir de agora, máscaras não serão permitidas nos protestos", disse na Truth Social.
Ainda na publicação, Trump criticou o governador da Califórnia chamando-o de “incompetente”.
Em uma rede social, o presidente disse que "multidões violentas" estão atacando agentes federais. "A ordem será restaurada e os ilegais serão expulsos", disse o presidente.