
Um turista brasileiro precisou caminhar por 24 quilômetros sob temperaturas negativas e nevasca intensa na Patagônia argentina após ter o carro atolado em uma estrada deserta.
O incidente ocorreu no último fim de semana, quando Thiago Crevelloni, 35 anos, foi direcionado pelo GPS a uma rota secundária por engano.
Ele foi encontrado por uma patrulha da Polícia de Santa Cruz horas depois, já debilitado e com sinais de desorientação. O caso aconteceu entre as cidades de Perito Moreno e El Calafate, na província de Santa Cruz, na Argentina.
Crevelloni viajava sozinho pela região e dirigia pela Rota Nacional 40 quando o aplicativo de navegação indicou um desvio pela antiga Rota 29, uma estrada de cascalho em desuso. A via ficou rapidamente coberta por neve, e o carro acabou atolado em uma duna que se formou com o acúmulo de gelo.
Vencido pelo frio e cansaço
Sem conseguir mover o veículo, o brasileiro tentou desatolá-lo manualmente, mas foi vencido pelo frio e pelo cansaço.
A temperatura no local estava em torno de −2 °C, com sensação térmica próxima a −10 °C, segundo o relato do turista ao jornal argentino La Nación.
— Tudo estava branco, não dava para distinguir o que era estrada e o que não era. Fiquei completamente preso, com as rodas dianteiras para cima, e não consegui mover o carro — disse.
Viagem solitária
Sem sinal de celular e sem perspectiva de ajuda, ele decidiu abandonar o carro e buscar socorro a pé, mesmo com apenas uma hora restante de luz do dia. A caminhada durou cerca de cinco horas, em condições extremas de frio e visibilidade praticamente nula.
Crevelloni contou que chegou a cair de exaustão e teve alucinações visuais durante o trajeto.
— Eu estava delirando, vi luzes se movendo no céu e percebi que minha mente não estava mais funcionando direito — lembrou.
Foi encontrado por uma viatura da polícia local após uma amiga, que o aguardava em El Calafate, acionar as autoridades por estar sem notícias. O vídeo do resgate foi divulgado pela Polícia de Santa Cruz (veja abaixo).
— No começo, pensei que fosse uma alucinação, mas foi se aproximando. Era uma viatura policial, com as luzes acesas. Naquele momento, senti um alívio que não consigo descrever — completou.
Após o resgate, ele recebeu atendimento médico e foi levado a um hotel da cidade de Gobernador Gregores. No dia seguinte, um caminhão rebocou o veículo atolado.
— Foi uma experiência extrema. Poderia ter terminado de forma muito diferente. Foi graças à minha amiga María, à polícia e a todos que agiram rapidamente que posso contar esta história hoje — destacou Crevelloni, já em El Calafate.