
O Vaticano informou nesta segunda-feira (5) que os 133 cardeais eleitores do conclave já estão em Roma para escolher o sucessor do papa Francisco. A eleição deve começar na quarta-feira (7), na Capela Sistina.
Chamados "príncipes da Igreja", eles permanecerão isolados na Capela Sistina até a eleição do novo pontífice. O resultado da eleição ainda é incerto e nenhum cardeal surge como favorito no momento.
Também nesta segunda-feira, cortinas vermelhas foram instaladas na varanda principal da Basílica de São Pedro – onde o próximo pontífice fará sua primeira aparição pública. Na sexta-feira (2), a chaminé de onde sairá a fumaça que indica a decisão dos cardeais foi instalada no alto da Capela Sistina.
Progressista, conservador, dogmático. A discussão da vez entre os católicos é como será o novo papa. Analistas e cardeais concordam que não será um revolucionário como o argentino Jorge Bergoglio, que propôs um pontificado de reformas, concentrado nos pobres e nas periferias do mundo.
O conclave
Os cardeais se reunirão em segredo, à portas fechadas, a partir da tarde de quarta-feira na Capela Sistina e votarão sob os afrescos de Michelangelo até que um candidato conquiste a maioria de dois terços. Ou seja, o escolhido precisa de 89 votos.
Os 133 cardeais não terão contato com o mundo exterior até a escolha do novo papa, sem utilizar telefones, internet, televisão ou a ter contato com jornalistas e o mundo exterior. Eles organizarão quatro votações diárias: duas pela manhã e duas pela tarde, exceto no primeiro dia, em que apenas uma votação acontece.
Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de pessoas na praça de São Pedro e milhões pela televisão permanecerão atentas à pequena chaminé instalada no teto do majestoso templo, à espera de notícias.
As cédulas, atas e notas das reuniões entre os cardeais são queimadas em um forno para anunciar ao mundo o resultado.
Fumaça preta significa um conclave sem consenso e que outra votação acontecerá. Fumaça branca, Habemus papam – o tradiconal anúncio do Vaticano.
Expectativa
A dois dias do início do conclave, a expectativa sobre o novo papa cresce no Vaticano. María de los Ángeles Pérez, uma turista mexicana de 49 anos, disse esperar que o novo papa ajude "os mais pobres, os mais necessitados".
— Mais como Francisco do que como Bento. Desde que não seja tão conservador e se deixe influenciar por líderes como (Giorgia, presidente da Itália) Meloni ou (Donald, presidente dos Estados Unidos) Trump — disse Aurelius Lie, 36 anos, da Alemanha.
O padre canadense Justin Pulikunnel pediu uma "fonte de unidade" para a Igreja Católica "após vários anos de desestabilização e ambiguidade".
Apesar de alguns nomes surgirem como favoritos, não há candidatos oficiais. No entanto, milhões de euros já foram registrados nas casas de apostas.
"Quem entra papa no conclave, sai cardeal"
Bento XVI foi eleito em quatro votações em 2005. Francisco, em 2013, em cinco. Alguns cardeais afirmaram à imprensa que acreditam que a votação se estenderá por dois, no máximo três dias.
Outros, no entanto, acreditam que precisarão de mais tempo para negociar, encontrar um ponto médio que una "bergoglistas" e conservadores, e permita que um nome alcance os dois terços dos votos necessários para eleger o titular do trono de São Pedro.
Dos italianos Pietro Parolin e Pierbattista Pizzaballa ao maltês Mario Grech, do arcebispo de Marselha Jean-Marc Aveline ao filipino Luis Antonio Tagle, vários nomes emergem como candidatos fortes ao papado, embora em Roma circule o famoso ditado de que "quem entra papa no conclave sai cardeal".
Cardeais nomeados por Francisco
Francisco nomeou a maioria dos cardeais que votam agora em seu sucessor, muitos procedem da "periferia" do mundo, longe da Europa e historicamente marginalizada pela Igreja em Roma.
O argentino foi responsável por tornar 80% dos membros do Colégio Cardinalício em cardeais. Este conclave será o mais internacional da história, com representantes de 70 países dos cinco continentes.
Muitos dos 133 cardeais acabaram de se conhecer, nas chamadas congregações gerais organizadas desde a morte de Francisco, reuniões a portas fechadas nas quais os cardeais compartilham pontos de vista sobre as prioridades da Igreja e que permitem aos eleitores formarem uma ideia de possíveis nomes.
— O que faço é olhar, escutar, ver pessoas que vêm da Mongólia, que trabalham na Cúria, que estão com os mais pobres na América Latina, na África, é muito bonito. É a herança de 2 mil anos de vida eclesiástica e também a herança do papa Francisco — disse o cardeal chileno Fernando Chomalí.