
A alemã Margot Friedländer, sobrevivente do Holocausto e uma das testemunhas mais proeminentes dos horrores do nazismo, morreu nesta sexta-feira (9), aos 103 anos, em Berlim, onde nasceu, anunciou a fundação que leva o seu nome.
"Com a sua morte, a Alemanha perde uma voz importante da história contemporânea", manifestou a fundação. "Desde o seu retorno à sua cidade natal, depois de mais de seis décadas no exílio em Nova York, essa cidadã honorária de Berlim esteve comprometida incansavelmente com a reconciliação e a memória", completa o texto.
Margot receberia nesta sexta do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, uma das mais altas condecorações do país, mas a cerimônia foi cancelada.
— Ofereceu reconciliação ao nosso país, apesar de tudo o que os alemães lhe fizeram quando ela era jovem. Não poderíamos estar mais agradecidos a ela por esse presente — disse o chefe de Estado.
Defendia empatia como antídoto contra o ódio

De aspecto frágil e sempre vestida com elegância — apareceu na capa da revista Vogue em 2024 —, retornou para Berlim em 2003. Desde então, dedicava a vida a conversar com os jovens para contar a sua história e defender a empatia como antídoto contra o ódio.
— Não foque no que te separa. Foque no que te une. Seja humano — disse, no ano passado.
Nascida em 1921, em uma família de fabricantes de botões, Margot Bendheim se formou costureira. Durante o nazismo, perdeu seus pais e seu irmão mais novo, assassinados em campos de concentração.
Em 1944, Margot foi enviada ao campo de Theresienstadt, no que hoje é a República Tcheca, onde conheceu seu marido, Adolf Friedländer. Os dois se casaram e foram viver nos Estados Unidos.
Em 2010, Margot decidiu se estabelecer definitivamente em sua cidade natal.