
A Moody's Ratings rebaixou nesta sexta-feira (16), as notas de emissor de longo prazo e sênior sem garantia dos Estados Unidos de AAA para AA1. Apenas um grupo seleto de nove economias, como a Austrália, Alemanha e Cingapura, possuem notas AAA. A agência de análise de risco também alterou a perspectiva de negativa para estável.
O rebaixamento, de acordo com a Moody's, reflete o aumento de mais de uma década da dívida do governo e dos índices de pagamento de juros para níveis significativamente mais altos do que os de soberanos com classificação semelhante.
"As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA não conseguiram chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos de juros crescentes. Não acreditamos que reduções plurianuais significativas nos gastos obrigatórios e nos déficits resultarão das atuais propostas em consideração", explica a agência de classificação de risco.
A Moody's aponta, na próxima década, déficits maiores à medida que os gastos com direitos aumentam, enquanto a receita do governo permanece praticamente estável.
"Prevemos que o ônus da dívida federal dos EUA aumentará para cerca de 134% do PIB até 2035, em comparação com 98% em 2024", diz a agência, acrescentando que, apesar de desacelerar no curto prazo, o crescimento do PIB de longo prazo dos EUA não deve ser afetado de forma significativa pelas tarifas.
A perspectiva estável reflete os pontos fortes de crédito excepcionais, incluindo o dólar como moeda reserve dominante, e a Moody's espera que o país continue com seu longo histórico de política monetária eficaz, liderada por um Federal Reserve (Fed) independente.
Os tetos de longo prazo em moeda local e estrangeira dos EUA permanecem em AAA.
Qual é o papel das agências de rating?
Como a coluna de Marta Sfredo já comparou, o papel das agências de rating é semelhante ao da Serasa no Brasil. Todo brasileiro sabe que, se estiver "na Serasa", não tem acesso a crédito regular.
O que avaliam?
Fitch, Moody's e S&P respondem por cerca de 80% do mercado global de avaliações de risco. Avaliam, basicamente, o risco de calote: se a possibilidade de inadimplência for grande, o crédito vai custar mais caro. Se é baixo, tomar ou rolar os empréstimos custará menos.
O que as notas significam?
A classificação das agências parece boletim de escola, mas como tem mais escalas parece uma sopa de letrinhas e sinais. Vai do exclusivo AAA e vai até o D de "default", calote no idioma do mercado financeiro. Para facilitar o entendimento, as mais de duas dezenas de combinações são divididas em três grupos:
- O primeiro é chamado "grau de investimento", apelidado de "clube de bons pagadores" para facilitar a compreensão, que tem dois subgrupos, um de "alta qualidade", outro de "média";
- O segundo tem o nome educado de "grau especulativo", mas ganha apelidos depreciativos: "junk bonds", ou "títulos podres";
- O terceiro não tem apelido formal, mas é a C, com alto risco de inadimplência.