
Israel tomará "o controle" de toda a Faixa de Gaza e evitará a fome no território palestino "por razões diplomáticas", para assim prosseguir com a guerra, afirmou nesta segunda-feira (19) o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O país intensificou a ofensiva contra o grupo terrorista palestino Hamas.
— Os combates são intensos e estamos progredindo. Tomaremos o controle de todo o território da Faixa (de Gaza). (...) Não devemos deixar que a população caia na fome, nem por razões práticas, nem por razões diplomáticas — declarou em um vídeo compartilhado no Telegram
O Exército israelense anunciou no fim de semana nova operação em Gaza com "amplos bombardeios", para derrotar o grupo terrorista Hamas, que governa o território devastado e desencadeou a atual guerra com o ataque contra Israel em 7 de outubro de 2023.
O anúncio do Exército segue a linha do plano aprovado no início de maio pelo gabinete de segurança israelense, que inclui a "conquista" do território e o deslocamento de sua população. Netanyahu explicou que "os amigos", ao referir-se a aliados, de Israel disseram que não tolerariam "imagens de fome em massa" em Gaza.
Israel impõe um bloqueio a Gaza desde 2 de março, que impede a entrada de insumos básicos no território onde há cerca 2,4 milhões de habitantes. A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para o risco de fome em Gaza e a comunidade internacional intensificou as pressões para permitir a entrada de ajuda vital.
Nova onda de bombardeios
"Israel autorizará a entrada de uma quantidade básica de alimentos destinados à população, com o objetivo de evitar a ocorrência de fome", anunciou o gabinete de Netanyahu no domingo (18). O governo acrescentou que "atuará para impedir que o Hamas se apodere da ajuda".
O Hamas negocia da maneira indireta com Israel para alcançar um cessar-fogo, em negociações que acontecem no Catar, um dos países mediadores ao lado do Egito e dos Estados Unidos.
Mas as negociações não apresentaram resultados até o momento. As conversas conseguiram apenas uma primeira trégua de uma semana no final de 2023 e outra de dois meses no início deste ano, que acabou quando Israel retomou sua ofensiva em março.
As equipes de emergência da Faixa de Gaza informaram nesta segunda-feira que os bombardeios israelenses mataram 22 pessoas nas últimas horas em diferentes pontos do território.
O Exército israelense anunciou que sua aviação atingiu, no domingo, mais de "160 alvos terroristas" na Faixa de Gaza, incluindo postos de lançamento de mísseis antitanque e infraestruturas subterrâneas.
"Temos que dizer basta ao governo israelense", reagiu no sábado Antonio Tajani, o ministro das Relações Exteriores da Itália, após a intensificação da ofensiva.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, fez um apelo no mesmo dia para "redobrar nossa pressão sobre Israel para interromper o massacre em Gaza".
"As pessoas que sobrevivem, sofrem fome"
O papa Leão XIV também se referiu à guerra após sua missa inaugural, no domingo, no Vaticano.
— Não podemos esquecer dos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra. Em Gaza, as crianças, as famílias, as pessoas idosas que sobrevivem, sofrem fome — disse.
Israel declarou que o bloqueio imposto a Gaza buscava forçar concessões por parte do Hamas. Mas tanto a ONU como várias ONGs alertam há meses sobre a grave escassez de alimentos, água potável, combustível e medicamentos.
A guerra começou após o ataque do Hamas ao território israelense em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.218 mortos, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses. O grupo terrorista também sequestrou 251 pessoas no mesmo dia. Destas, 57 continuam em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
Netanyahu afirmou que está aberto a um acordo de trégua que inclua o fim da ofensiva, mas destacou que este deva incluir o "exílio" do Hamas e o "desarmamento" do território, demandas que até agora foram rejeitadas pelo grupo terrorista.