O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última terça-feira (20) o lançamento de um novo sistema de defesa antimísseis nacional, batizado de “Domo de Ouro”.
Avaliado em US$ 175 bilhões (R$ 991 bilhões), o projeto é descrito como a versão americana do “Domo de Ferro”, escudo usado por Israel para interceptar foguetes de curto alcance.
A promessa é de que o sistema seja concluído até o fim de seu mandato, previsto para 2029, com capacidade de proteger o território dos EUA de ameaças que vão desde mísseis hipersônicos até ataques realizados a partir do espaço.
Durante coletiva na Casa Branca, Trump afirmou que o Domo de Ouro garantirá “quase 100% de proteção” contra ofensivas inimigas.
— Prometi que faria um sistema de escudo contra ataques de mísseis, e estou fazendo — declarou, segundo a AFP.
Ele destacou que todo o projeto será desenvolvido com tecnologia e materiais produzidos nos EUA. Além disso, afirmou que o Canadá demonstrou interesse em participar da iniciativa e negocia os termos de adesão, conforme informações da BBC.
O que é o Domo de Ouro?
Inspirado na defesa antimísseis de Israel, o Domo de Ouro pretende integrar sistemas terrestres e espaciais para rastrear, interceptar e destruir ameaças aéreas em todas as fases de um ataque:
- Antes do lançamento: por meio de vigilância antecipada e destruição preventiva;
- Logo após o disparo: com detecção rápida e resposta imediata;
- Durante o voo: interceptando os mísseis em pleno ar;
- Na aproximação ao alvo: com sistemas de defesa de última linha antes do impacto.
O sistema deve incluir uma constelação de satélites de vigilância e de ataque, sensores ultrassensíveis e mísseis interceptadores de última geração, alguns deles em órbita. Segundo o Departamento de Defesa, o objetivo é alcançar uma resposta total, mesmo diante de ameaças múltiplas e simultâneas.
Custo bilionário
Trump anunciou que parte do investimento virá de seu projeto de reforma tributária, que prevê US$ 25 bilhões iniciais para o programa. Contudo, o financiamento total ainda depende da aprovação de um projeto de lei no Congresso.
Um relatório do Escritório de Orçamento do Congresso estima que apenas os componentes espaciais do sistema poderiam consumir até US$ 542 bilhões nos próximos 20 anos.
Já o analista Tom Karako, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, avalia que, embora a tecnologia nacional possa acelerar o desenvolvimento, o cronograma proposto por Trump é considerado otimista.
Por que os EUA querem um escudo agora?
Segundo um relatório recente da Agência de Inteligência de Defesa, as ameaças ao território americano aumentaram significativamente na última década. A análise aponta que:
- China e Rússia: estariam desenvolvendo armas avançadas capazes de driblar os sistemas atuais dos EUA;
- Coreia do Norte: já possui mísseis balísticos com alcance suficiente para atingir cidades americanas;
- Irã: tem capacidade técnica para desenvolver um míssil balístico intercontinental (ICBM) até 2035
Diante desse cenário, o Domo de Ouro surgiria como uma resposta a uma crescente instabilidade geopolítica e a uma pressão por uma defesa mais eficaz e autônoma.
Comparações com o modelo israelense
O escudo antimísseis americano é inspirado no Domo de Ferro de Israel, responsável por interceptar foguetes lançados contra áreas civis. Esse sistema é móvel, de rápida instalação e já foi ativado com sucesso em centenas de situações.
Nos Estados Unidos, a escala será muito maior, exigindo cobertura para uma área de 9,8 milhões de km² — o que representa um desafio tecnológico e logístico.
Existiriam três versões em estudo: uma básica, uma intermediária e uma avançada — com custos e alcances distintos
O Pentágono deve anunciar nos próximos meses qual será a configuração final do projeto, que pode variar conforme a quantidade de satélites e bases terrestres a serem instaladas.
