
Mesmo excluído pela Santa Sé da lista de membros do Colégio de Cardeais aptos a participar do conclave, Giovanni Angelo Becciu afirmou que vai votar e auxiliar na escolha do sucessor do papa Francisco. Em dezembro de 2023, o sacerdote italiano foi condenado pelo Tribunal do Vaticano a cinco anos e meio de prisão por envolvimento em um escândalo de corrupção.
— Estarei lá — declarou na terça-feira (22) ao jornal italiano L'Unione Sarda.
Becciu renunciou aos seus direitos como cardeal em 2020, época em que era considerado um dos cardeais "mais influentes do mundo". A decisão foi tomada após o sacerdote italiano ser alvo de uma investigação sobre corrupção no Vaticano, em que ele era suspeito de desviar verbas para favorecer a arquidiocese de Sardenha, ilha onde nasceu, e autorizar a compra de um imóvel de luxo em Londres com dinheiro que deveria ser destinado à caridade.
Na noite de 24 de setembro de 2020, a Santa Sé anunciou que o papa Francisco acatou o pedido de renúncia de Angelo Becciu. Com a decisão, o italiano abriu mãos dos direitos como cardeal e foi excluído pelo Vaticano da lista de membros do Colégio de Cardeais.
Quem é Giovanni Angelo Becciu
Natural da Sardenha, ilha autônoma italiana, Giovanni Angelo Becciu tem 76 anos — idade que lhe permitiria participar do conclave. Ele foi ordenado padre em 1972.
Becciu exerceu diversos cargos no Vaticano, especialmente como representante diplomático. Ele defendeu os interesses e representou a Santa Sé em países como República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Reino Unido, França e Estados Unidos.
Foi nomeado Secretario de Estado substituto do Vaticano em 2011, um dos cargos administrativos mais importantes da Igreja Católica, durante o papado de Bento XVI. O pontífice da época também o nomeou como núncio (embaixador da Igreja Católica) anteriormente.
Foi ordenado cardeal em 2018 pelo papa Francisco, que também optou por manter o seu cargo como secretário de Estado substituto. No ano seguinte, o pontífice argentino nomeou Becciu como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
A partir de 2018, o sacerdote atuou diretamente no despacho de ordens como secretário de Francisco e centralizou a administração de investigações e decisões sobre beatificações e canonizações de novos religiosos.
A investigação
Becciu foi citado em uma investigação sobre a compra de um edifício de luxo em Londres, na Inglaterra. Ele teria autorizado a compra do imóvel com verbas que deveriam ser destinadas a obras de caridade, apontou a apuração.
A compra custou aproximadamente 350 milhões de euros aos cofres da Santa Sé, aproximadamente US$ 164 milhões, ou R$ 810,1 milhões na época.
O cardeal italiano também foi acusado de desviar verbas para favorecer familiares na Arquidiocese de Sardenha, local onde nasceu. Ele foi condenado pelo Tribunal do Vaticano em dezembro de 2023, com pena de cinco anos e seis meses de prisão pelos crimes de peculato e abuso de poder.
A corte também determinou que Becciu ficaria impedido de assumir cargos públicos pelo resto da vida. Ele recorreu da decisão.