Um "fenômeno atmosférico raro" foi apontado como causa do apagão que deixou Portugal e Espanha sem energia nesta segunda-feira (28). O desabastecimento começou pouco antes das 12h no horário local (7h de Brasília) e afetou diversos serviços essenciais, como telecomunicações, estações de trem e aeroportos.
Cerca de seis horas depois, a Redes Energéticas Nacionais (REN), operadora de distribuição de energia de Portugal, negou que tenha atribuído o apagão a um "fenômeno atmosférico raro".
Inicialmente, também surgiram relatos de problemas em outros países europeus, como França, Bélgica, Itália, Polônia e Finlândia. No entanto, segundo autoridades, esses casos foram pontuais, com os efeitos mais severos concentrados na Península Ibérica e no sul da França, próximo à fronteira com a Espanha.
Segundo a REN, a interrupção foi provocada por uma falha na rede elétrica espanhola, desencadeada pelas variações extremas de temperatura que provocaram oscilações anormais nas linhas de muito alta tensão. O fenômeno, chamado de "vibração atmosférica induzida", resultou em falhas de sincronização entre os sistemas elétricos.
Apesar de especulações iniciais sobre a possibilidade de um ataque cibernético, o Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal e a vice-presidente da Comissão Europeia, Teresa Ribera, afirmaram que não há indícios de que a pane tenha sido provocada por ação criminosa. O ministro Adjunto da Coesão Territorial de Portugal, Manuel de Castro Almeida, também reconheceu a hipótese de ataque, mas destacou que ela ainda não foi confirmada.
A REN alertou que a normalização completa da rede pode levar até uma semana, enquanto o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, declarou esperar que a energia seja restabelecida nas "próximas horas".
Portugal
A REN confirmou que o apagão atingiu toda a Península Ibérica e parte da França, com impacto em Portugal a partir das 11h33min. O corte de energia afetou semáforos, forçou o fechamento do metrô em Lisboa e no Porto e paralisou o serviço ferroviário.
O governo português criou um grupo de trabalho para monitorar a situação e priorizou a manutenção de serviços essenciais, como hospitais e aeroportos. A polícia orientou a população a evitar deslocamentos desnecessários.
O gaúcho Marques Damazio, que mora em Lisboa, relatou à Rádio Gaúcha que hospitais, túneis e semáforos ficaram inoperantes e que a internet também apresentou queda de desempenho.
— A polícia local está pedindo para não ir ao centro, está tudo parado — contou.
Espanha
Na Espanha, a Red Eléctrica confirmou a falha na rede e afirmou que o restabelecimento completo pode levar de seis a 10 horas. A queda de energia paralisou metrôs, trens e causou falhas em semáforos e telecomunicações.
O prefeito de Madri, José Luis Martínez Almeida, pediu que os moradores evitassem sair de casa. O primeiro-ministro Pedro Sánchez visitou o centro de controle da Red Eléctrica e disse que o governo trabalha para apurar as causas e restaurar a normalidade.
Os aeroportos espanhóis continuam operando com sistemas de emergência, mas há atrasos nos voos. As Ilhas Canárias e Baleares não foram afetadas.
