
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na terça-feira (4) confirmou a aplicação das taxas de 25% sobre importações do Canadá e do México, e de 20% para produtos da China, citou, em discurso no Congresso, o Brasil como um dos países que "cobram demais dos Estados Unidos."
A fala diante dos deputados e senadores ocorreu no evento discurso do Estado da União, ato anual em que o presidente norte-americano fala sobre as prioridades de governo e suas propostas para o restante do ano.
— Agora, pela primeira vez na história moderna, mais americanos acreditam que nosso país está indo na direção certa do que na direção errada — disse Trump.
O republicano afirmou que "resgatar a economia americana e aliviar a situação da classe trabalhadora" estava entre suas maiores prioridades. Ele prometeu reduzir os preços dos ovos e de energia, sem oferecer detalhes de seus próprios planos.
Trump afirmou novamente que os americanos estavam vivendo "a era de ouro dos Estados Unidos".
— Desde que iniciei meu governo, todas as ações têm sido rápidas e implacáveis para inaugurar a maior e mais bem-sucedida era da história do nosso país.
Ucrânia
As desavenças entre Donald Trump e o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, dominaram o noticiário nos últimos dias após um bate-boca entre os dois no Salão Oval na última sexta-feira(28). O clima ruim fez com que Trump anunciasse uma pausa na ajuda americana a Kiev, com os argumentos de que o presidente ucraniano não queria o fim da guerra.
Na terça-feira (4), o presidente ucraniano mudou o tom e se disse disposto a negociar a paz. Em uma série de publicações na plataforma X, Zelenski afirmou que poderia concordar com um cessar-fogo parcial com a Rússia, que envolveria uma troca de prisioneiros e proibiria ataques de longo alcance à infraestrutura civil e energética.
O mandatário americano disse que recebeu uma carta do presidente da Ucrânia, apontando que Kiev está pronta para negociar o fim do conflito. O republicano também ressaltou que a Rússia quer acabar com a guerra.
— Tivemos discussões sérias com a Rússia e recebemos fortes sinais de que eles estão prontos para a paz. Não seria lindo?
Durante o discurso, Trump também citou e pediu uma salva de palmas para o americano Marc Fogel, que foi detido pelas forças russas em agosto de 2021 e libertado por Moscou após um acordo com Trump no dia 11 de fevereiro.
— Se você quer acabar com as guerras, você tem que falar com ambos os lados.
Apesar de rumores de que Trump anunciaria a assinatura do acordo de minerais entre Kiev e Washington, isso não aconteceu durante o discurso.

Canal do Panamá e Groenlândia
O presidente americano também mencionou mais uma vez a sua promessa de que os Estados Unidos irão "retomar" o Canal do Panamá. Trump disse novamente que estimula a independência da Groenlândia e que a região autônoma pode se juntar aos Estados Unidos se desejar.
Elogios e interrupção
O discurso do presidente americano também ficou marcado por vários elogios do presidente aos feitos de seu governo nas primeiras seis semanas do mandato. Trump afirmou que sua administração estava "apenas começando" e disse que a sua vitória eleitoral foi um "mandato" da população americana.
A fala de Trump foi interrompida por protestos da bancada democrata e o congressista Al Green, do partido da oposição, foi removido do Congresso.
Após a saída de Green, Trump listou as ações tomadas pelo seu governo em temas como imigração e burocracia federal. O presidente americano também celebrou a saída dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Musk
Durante o discurso, Trump citou o bilionário Elon Musk. O republicano agradeceu Musk por seu trabalho no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) e apontou exemplos de como a ajuda internacional americana estava sendo usada antes de sua volta à Casa Branca.
O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado pelo homem mais rico do mundo, está desmantelando agências governamentais, reduzindo a força de trabalho federal e obtendo acesso a dados confidenciais do governo - tudo em uma tentativa, segundo o departamento, de "restaurar a democracia".
Mas a maior parte do que o Serviço DOGE dos EUA está fazendo sob o comando de Musk está sob escrutínio legal, com os tribunais analisando se isso viola as leis de privacidade, os direitos dos funcionários federais e os controles e equilíbrios da Constituição.
O DOGE agiu tão rapidamente que está sendo alvo de críticas cuidadosas até mesmo de alguns republicanos, preocupados com o fato de que os serviços básicos do governo - e a manutenção de ameaças contra o país - poderiam ser prejudicados. As pessoas que fazem a manutenção das armas nucleares dos Estados Unidos foram demitidas e depois recontratadas às pressas.
Imigração
Trump também afirmou que desde que assumiu a Casa Branca, os números de imigrantes ilegais que entraram na fronteira americana diminuíram. Ele agradeceu a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, e o seu czar de fronteira, Tom Homan, pelo trabalho.
Criminalidade
O presidente americano buscou promover uma agenda dura contra o crime. Ele apontou que cidades governadas por políticos democratas são mais violentas, apesar das estatísticas mostrarem uma tendência de queda nos crimes.
Trump também ressaltou a necessidade de um policiamento mais agressivo.
— À medida que recuperamos nossa soberania, também devemos trazer de volta a lei e a ordem às nossas cidades. Nos últimos anos, nosso sistema de Justiça foi virado de cabeça para baixo por lunáticos da esquerda radical.