Vários países têm excedentes comerciais elevados com os Estados Unidos, razão pela qual poderiam ser submetidos às "tarifas recíprocas" anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump.
Os Estados Unidos vão revisar a lista de países com os quais mantêm déficits comerciais importantes antes de adotar tarifas punitivas, possivelmente a partir de 2 de abril, informou a Casa Branca na quinta-feira.
O anúncio se seguiu ao anúncio de Trump da adoção de "tarifas recíprocas" sobre outros países.
"Se nos impuserem uma tarifa ou imposto, nós lhes imporemos o mesmo nível de tarifa ou imposto, simples assim", disse o presidente republicano.
Estes são os países que exportam muito mais produtos do que importam dos Estados Unidos e que correm o risco de serem alvo das novas tarifas.
- China, em primeiro lugar -
A China lidera a lista, com um excedente comercial de 295,4 bilhões de dólares com os Estados Unidos (aproximadamente R$ 1,8 trilhão) em 2024, segundo dados de fevereiro do Escritório de Análise Econômica (BEA), uma agência subordinada ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
O gigante asiático foi considerado durante muitos anos a fábrica do mundo e é um grande exportador, entre outros fatores, devido à presença de indústrias de companhias multinacionais no país.
O país também se beneficia, segundo Trump, de uma moeda mantida baixa artificialmente para tornar suas vendas ao exterior mais competitivas.
Trump já travou uma guerra comercial com Pequim em seu primeiro mandato (2017-2021) e anunciou, ao voltar para a Casa Branca, a adoção de tarifas adicionais de 10% sobre os produtos chineses.
- Disparidades na Europa -
A União Europeia registra um excedente comercial de 235 bilhões de dólares (R$ 1,34 trilhão, na cotação atual), mas há fortes disparidades entre seus Estados-membros.
A Irlanda tem o maior excedente comercial entre os membros da UE, com 86,7 bilhões de euros [cerca de 91,1 bilhões de dólares ou R$ 521,7 bilhões]. Este montante, no entanto, se explica em parte pela presença de muitos grupos americanos devido a um sistema fiscal favorável.
Seguem-na a Alemanha, com 84,8 bilhões de dólares (R$ 485,7 bilhões) de excedente comercial, e a Itália, com 44 bilhões de dólares (R$ 252 bilhões). A França, por sua vez, registra um excedente de 17,2 bilhões de dólares (R$ 98,5 bilhões), segundo os Estados Unidos, embora de acordo com as estimativas da aduana francesas, tenha um déficit.
Suíça, Áustria e Suécia também apresentam excedentes comerciais, respectivamente com US$ 38,5 bilhões (R$ 220 bilhões), US$ 13,1 bilhões (R$ 75 bilhões) e US$ 9,8 bilhões (R$ 56,1 bilhões).
- México e Vietnã, pontos de passagem -
O México tem o terceiro maior excedente comercial, segundo as estatísticas americanas, com 171,8 bilhões de dólares (R$ 984 bilhões), seguido do Vietnã, com 123,5 bilhões (R$ 707 bilhões).
Os dois países são conhecidos por serem plataformas de produção de baixo custo para empresas multinacionais, que exportam em seguida para grandes mercados.
A proximidade do México com os Estados Unidos impulsiona muitas empresas, inclusive americanas, a instalarem suas fábricas ali.
Tanto o Vietnã quanto o México aproveitaram ao máximo a primeira guerra comercial de Trump para reforçar seus excedentes comerciais.
O Vietnã se tornou o país ideal para se estabelecer negócios e evitar os ataques de Trump a Pequim em seu primeiro mandato e suas exportações aos Estados Unidos cresceram com força entre 2017 e 2023.
O México, por sua vez, registrou um forte aumento das exportações chinesas, que depois se destinaram ao mercado americano.
- Outros países com excedentes comerciais -
Taiwan (US$ 73,9 bilhões ou R$ 423 bilhões), Japão (US$ 68,5 bilhões ou R$ 392 bilhões), Coreia do Sul (US$ 66 bilhões ou R$ 378 bilhões), Canadá (US$ 63,3 bilhões ou R$ 362 bilhões), Índia (US$ 45,7 bilhões ou R$ 261,7 bilhões) e Tailândia (US$ 45,6 bilhões ou R$ 261,1 bilhões) também se destacam nesta lista.
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* AFP