
A Arábia Saudita descartou formalizar relações diplomáticas com Israel sem que haja o reconhecimento e se estabeleça "um Estado palestino independente". A posição confronta o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pediu aos palestinos que deixem a Faixa de Gaza permanentemente e indicou um possível controle dos Estados Unidos sobre a região.
Em comunicado no X (antigo Twitter), o Ministério das Relações Exteriores saudita se declarou contrário ao deslocamento de palestinos da região e afirmou que sua posição é inegociável.
"A Arábia Saudita continuará seus esforços incansáveis para estabelecer um Estado palestino independente, com Jerusalém Oriental como sua capital, e não estabelecerá relações diplomáticas com Israel sem isso", afirmou o Ministério das Relações Exteriores saudita em publicação X na quarta-feira (5).
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu que a normalização dos laços com Riad – capital árabe – "vai acontecer".
Com o consentimento de Netanyahu, Trump pediu que os palestinos deixem a Faixa de Gaza e passem a viver em países como Egito e Cisjordânia — nações que demonstraram-se contrárias à ideia.
O republicano afirma que o objetivo é realizar uma "limpeza" na região, reconstruindo e desenvolvendo o território economicamente com o controle norte-americano.
— Os Estados Unidos assumirão o controle da Faixa de Gaza e também faremos um bom trabalho. Seremos os donos dela (Gaza) e seremos responsáveis pelo desmantelamento de todas as perigosas bombas não detonadas e outras armas neste lugar — declarou Trump.
Netanyahu afirmou acreditar que o plano dos Estados Unidos para Gaza pode "mudar a história" e pediu atenção à proposta. O primeiro-ministro israelense também classificou Trump como o "melhor amigo que Israel já teve".
"Redesenhar" o mapa
Antes de viajar, Netanyahu afirmou que "trabalhando estreitamente" com Trump seria possível "redesenhar ainda mais" o mapa do Oriente Médio.
Trump também questionou a continuidade do acordo de trégua na Faixa de Gaza, apesar de, no momento do anúncio, poucos dias antes de sua posse, ter reivindicado um papel fundamental na concretização do cessar-fogo.
O republicano receberá em 11 de fevereiro o rei Abdullah II da Jordânia e conversou no sábado (1º) com o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi.
A Jordânia já abriga quase 2,3 milhões de refugiados palestinos e o Egito tem fronteira com a Faixa de Gaza, crucial para a entrada da ajuda humanitária de que o território tanto precisa.
Em uma mudança expressiva em relação ao seu antecessor, Joe Biden, Trump desbloqueou a entrega a Israel de bombas de 900 quilos que havia sido suspensa pelo democrata. Também anulou as sanções financeiras que o ex-presidente havia determinado contra colonos israelenses acusados de violência contra palestinos na Cisjordânia.