O governo venezuelano anunciou nesta quinta-feira (12) a libertação de mais de 300 detidos nas manifestações contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro. A decisão ocorre a menos de um mês da posse para o mandato de 2025 a 2031, em 10 de janeiro.Edmundo González Urrutia
O grupo faz parte dos mais de 2,4 mil indivíduos que foram presos nas horas seguintes à proclamação da vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, que gerou protestos que deixaram 28 mortos e quase 200 feridos.
"Nas últimas 72 horas (10, 11 e 12 de dezembro) foram realizadas 103 solturas, que se somam a 225 medidas cautelares concedidas no dia 26 de novembro", informou um comunicado da vice-presidência de Segurança, que é liderada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello.
A ONG Fórum Penal, dedicada à defesa de "presos políticos", disse à AFP que até agora foram soltos 190 detidos: 165 do primeiro grupo e 25 do segundo, alguns deles menores de idade.
Os detidos, incluindo mais de uma centena de adolescentes, foram acusados de "terrorismo" e levados para presídios de segurança máxima.
Muitos foram presos sem ordem judicial. O governo criou canais para denunciar suspeitos na chamada "Operação Tun Tun", em referência ao som da batida na porta quando os oficiais chegam.
O governo responsabiliza a oposição - à qual se refere como "setores fascistas e extremistas" - por "perturbar a paz da Venezuela".
As solturas, segundo o comunicado, "são realizadas atendendo à solicitação feita pelo presidente Nicolás Maduro (...) de revisar todas as ações relativas a atos de violência e crimes cometidos no âmbito da eleição de 28 de julho".
Eleição contestada
A oposição liderada por María Corina Machado, na clandestinidade, afirma que seu candidato, Edmundo González Urrutia, agora no exílio, derrotou Maduro nas eleições com 70% dos votos e, para provar, publicou cópias de mais de 80% das atas geradas pelas máquinas de votação.
O Conselho Nacional Eleitoral, acusado de servir a Maduro, garante, no entanto, que o presidente de esquerda venceu com 52% dos votos. O órgão não apresentou até hoje a apuração detalhada, como exige a lei.
O presidente do parlamento, controlado pelo chavismo, disse que já foi enviada uma carta ao presidente eleito "para que seja empossado".
Maduro já convocou seus apoiadores para saírem "às ruas aos milhões para jurar pela Venezuela, para jurar pela independência, para jurar pela pátria bolivariana".
González Urrutia — que os Estados Unidos e vários países reconhecem como presidente eleito — também disse que viajará da Espanha, onde está exilado, para a Venezuela, para assumir o cargo.
— Eu saí da Venezuela de forma temporária, sabia que voltaria a qualquer momento e o momento é 10 de janeiro, data da posse — disse em entrevista recente ao jornal El País.