O presidente Jair Bolsonaro comentou, nesta quinta-feira (1), o anúncio da designação oficial do Brasil como aliado militar preferencial dos Estados Unidos fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O presidente americano Donald Trump já havia manifestado a intenção de conceder ao Brasil este status durante a visita do mandatário brasileiro à Casa Branca, em março deste ano.
— É bem-vinda nossa participação como grande aliado extra-Otan, que facilita muitas coisas. O mais importante é questão de defesa, compra de armamento, algumas tecnologias. Alguma coisa sempre interessa pra gente. Como regra, um país da Otan uma vez agredido, todo mundo está junto — disse Bolsonaro nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada.
O status, concedido na noite de quarta-feira (31), facilita o acesso a equipamentos e tecnologias militares dos Estados Unidos, além de dar direito à participação em leilões organizados pelo Pentágono. A medida também abre caminho para a colaboração no desenvolvimento de soluções de defesa e o aumento dos intercâmbios militares e a realização de manobras conjuntas entre as Forças Armadas dos dois países.
"Designo a República Federativa do Brasil como aliado preferencial dos Estados Unidos fora da Otan", informou Trump na quarta-feira.
Com o anúncio, o Brasil se torna o segundo país da América Latina — depois da Argentina — a receber o status especial. Além deles, outros 16 países já foram declarados aliados extra-Otan pelo governo americano.
A Organização tem 29 membros, mas nenhum latino ou situado no Atlântico Sul. Seus integrantes podem, "por acordo unânime, convidar qualquer Estado europeu", de acordo com o artigo 10 do tratado. Países de outros continentes estão excluídos.
Desde 2018, a Colômbia goza do status de único sócio global da Otan na América Latina. Os "sócios globais" contribuem com as operações e missões da entidade com base em um programa individual, mas não podem integrar outras estruturas de cooperação da Aliança Atlântica.
Itamaraty
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que a classificação estabelece um arcabouço de cooperação de longo prazo com os Estados Unidos, facilitando o acesso a produtos de defesa para equipar as Forças Armadas e a cooperação de forma preferencial e estratégica com o país norte-americano.
"A designação deverá favorecer o aprofundamento das relações bilaterais em defesa, fortalecendo a aproximação já em curso entre o Ministério de Defesa brasileiro e o Departamento de Defesa dos EUA, particularmente no que tange ao acesso e desenvolvimento conjunto de tecnologias e projetos e a uma maior integração da cadeia produtiva das bases industriais de defesa nos dois países", informou o Itamaraty.
Relações favoráveis
Bolsonaro é favorável, apesar das fortes resistências no Brasil, de permitir que os Estados Unidos utilizem a base da Força Aérea Brasileira em Alcântara, no Maranhão, próxima à linha do Equador, para colocar satélites em órbita.
O líder americano e Bolsonaro têm mostrado grande afinidade. A relação entre Brasil e Estados Unidos ganhou impulso com a chegada do brasileiro ao poder em janeiro.
Na terça-feira (30), Trump revelou que deseja negociar um acordo de livre-comércio com o Brasil, e não poupou elogios a Bolsonaro.
— Tenho um ótimo relacionamento com o Brasil. Tenho um relacionamento fantástico com o presidente. Ele é um grande cavalheiro. Acho que ele está fazendo um ótimo trabalho — disse Trump aos jornalistas na Casa Branca. — Vamos trabalhar em um acordo de livre-comércio com o Brasil. O Brasil é um grande parceiro comercial — insistiu.
O presidente americano também apoiou a indicação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, para a embaixada brasileira nos Estados Unidos.
— Acho que é uma grande indicação — disse Trump à imprensa, chamando Eduardo, de 35 anos, de "excepcional".