
A rotina de um quarto dos trabalhadores da Região Metropolitana tem algo em comum: o transporte coletivo. Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo 2022, 27% dos moradores de 13 municípios da Grande Porto Alegre se deslocam de ônibus entre casa e trabalho.
Dois municípios se destacam com números bem acima da média. Quase metade das pessoas que residem em Viamão (44%) e Alvorada (44,5%) depende do serviço na sua rotina. Além de serem as duas cidades com a maior taxa de usuários de transporte público no Rio Grande do Sul, ambas estão entre as 40 primeiras do Brasil na mesma categoria.
Além da frequência, a duração da viagem também é uma experiência compartilhada entre os trabalhadores das cidades vizinhas. Cerca de um quarto dos viamonenses (25,4%) leva entre uma e duas horas no percurso até o trabalho e 22,4% dos alvoradenses chegam no mesmo intervalo.
Sabrina dos Santos, 27 anos, trabalha como cuidadora de idosos em Porto Alegre. Diariamente, ela vai do centro de Viamão até o Centro Histórico, na Capital. Em horários de pico, Sabrina relata levar até uma hora e meia para concluir o trajeto.
— É um tempo que eu poderia fazer outras coisas mais produtivas e, no ônibus, a gente simplesmente senta e fica esperando. Não tem muito o que fazer, né? Então sinto que é um tempo, digamos assim, perdido — lamenta.
Daniela Gemelli, analista administrativa de 40 anos, também sofre com as longas viagens. A empresa em que ela trabalha fica localizada no extremo norte de Porto Alegre. Moradora do bairro Stella Maris, em Alvorada, Daniela passa em média três horas no trânsito por dia, contando ida e volta. Enquanto isso, os colegas de trabalho levam muito menos tempo.
— É um atraso na minha vida. Para o pessoal que mora em Canoas, por exemplo, é muito rápido o deslocamento, pega o trem ali e meia hora (depois), estão em casa. Um emprego perfeito seria home office — salienta.
Carro ou ônibus?
Mesmo que o número de pessoas que utilizam ônibus na Região Metropolitana seja expressivo, o método de deslocamento mais utilizado considerando todo o Rio Grande do Sul ainda é o carro. Cerca de 44% dos trabalhadores gaúchos utilizam o automóvel, enquanto apenas 8% usam o ônibus.
Apesar disso, o transporte coletivo é uma alternativa mais viável para uma grande parcela da população por questões financeiras.
— O deslocamento se torna caro se eu tiver de abastecer o carro todos os dias. Como eu recebo o benefício do vale transporte para ônibus, é inviável eu tirar do meu bolso esse dinheiro — afirma Daniela.
Cidade dormitório
O estudante de programação Luiz Gabriel Bueno, 23 anos, representa a rotina de diversas pessoas que fazem a vida em Porto Alegre, mas residem na Região Metropolitana. Ele sai no início da manhã de Viamão para frequentar as aulas no centro da Capital, voltando para casa apenas à noite. A rotina desgastante por conta do longo percurso faz o jovem projetar o seu futuro na capital gaúcha.
— Estou procurando um trabalho em Porto Alegre. Já morei aqui por um certo tempo e foi uma diferença ridícula. Às vezes, no horário do pico, levo o dobro do tempo no ônibus, tempo que eu podia estar usando para fazer as coisas que eu gosto — avalia Bueno.
*Produção: Gabriel Dias


