
A Uber anunciou uma nova rodada de mudanças nas categorias Comfort e Black, as versões premium do serviço de transporte por aplicativo.
A partir de janeiro de 2026, a plataforma passará a exigir modelos de veículos mais novos e, em alguns casos, eliminará completamente determinados carros da lista de aceitos. A atualização também envolve critérios de desempenho e avaliação dos motoristas.
Segundo a empresa, a reformulação foi definida com base em pesquisas com usuários e análises de mercado que indicaram a necessidade de modernizar a frota.
A ideia, conforme a Uber, é “aprimorar a experiência dos parceiros e passageiros nas categorias premium”, garantindo mais conforto e padronização no atendimento.
Enquanto as novas regras não entram em vigor, passageiros e motoristas aguardam para ver como o reajuste nos padrões da Uber vai se refletir no cotidiano das viagens.
O desafio, segundo os entrevistados por Zero Hora, será equilibrar qualidade e acessibilidade, sem reduzir a oferta de carros, especialmente nas categorias mais populares.
"Decisão poderia ter sido melhor pensada"

Para os usuários, as mudanças podem representar viagens mais confortáveis, mas também impactos na oferta e nos preços, já que parte dos motoristas precisará renovar os veículos para continuar atuando.
— Eu acho que tem duas visões aí. Realmente havia modelos que estavam fora do que se esperava para uma categoria premium. Mas há casos em que o carro antigo é mais confortável que o novo. Acho que a decisão poderia ter sido melhor pensada — avalia Tiago Araújo Ribeiro, 36 anos, analista de marketing e usuário frequente do aplicativo.
Ele acredita que o foco deveria estar menos no modelo dos carros e mais no comportamento dos condutores.
— Seria mais efetivo trabalhar a qualificação dos motoristas, porque a maioria dos veículos já condizia com a categoria. O problema, muitas vezes, está na condução ou no atendimento, e não no carro em si — completa.
Para Desireé Kist de Barros, 33 anos, servidora pública, o ponto crítico hoje está na manutenção e limpeza dos veículos, especialmente na categoria UberX, a mais popular.
— Uso o aplicativo de duas a quatro vezes por dia e percebo que o serviço no X caiu bastante. Muitos carros estão sujos, batidos, alguns nem têm mais espuma nos bancos. Tenho usado mais o Comfort por isso — conta.
Ela acredita que as novas exigências podem trazer um efeito colateral: motoristas desistindo de investir em carros mais caros.
— Acredito que haverá uma certa queda de motoristas dispostos a investir em veículos melhores para seguir nas categorias Comfort e Black. Já no UberX, não deve mudar muita coisa — opina.
"Passo necessário"
Por outro lado, há quem veja a atualização como um passo necessário para manter o padrão de qualidade do serviço.
— A mudança é positiva. Desde que a Uber chegou ao Brasil, ela faz atualizações parecidas, e sempre foi benéfico para os passageiros. É importante manter um padrão mínimo de conforto — diz Lucas Michels Cardoso, 29 anos, assistente financeiro, que utiliza o aplicativo de quatro a seis vezes por mês.

Ele destaca, porém, que a qualidade também depende de como a empresa lida com seus motoristas.
— Talvez seja preciso melhorar a relação de ganhos para os motoristas. Muitos estão migrando para outras plataformas, e isso afeta o serviço. Com mais incentivo e valorização, a Uber manteria profissionais mais qualificados e fiéis — avalia.
Usuário diário, Guilherme Delatorre, 29 anos, especialista em segurança da informação, acredita que as mudanças podem contribuir para uma frota mais moderna e vê nelas um reflexo da própria evolução do transporte urbano.
— Facilita muito o dia a dia, mas com o aumento do número de carros, o trânsito também piorou. É importante ter renovação da frota e, se possível, incentivos para que os motoristas possam manter carros de qualidade — defende.




