
A dragagem de três canais de navegação do Rio Grande do Sul atingiu 40% do contratado pelo governo do Estado. O trabalho, feito por sete dragas, ocorre nos canais Pedras Brancas e Leitão (bacia do Guaíba) e Furadinho (Delta do Jacuí).
Segundo a Portos RS, empresa pública responsável pelo sistema hidroportuário do Rio Grande do Sul, o volume dragado soma 652,8 mil metros cúbicos. Para se ter uma ideia da quantidade, se todos esses sedimentos fossem depositados uniformemente sobre o Parque Farroupilha (a Redenção), o solo ficaria 1m74cm mais elevado — praticamente a altura média de um homem adulto no Brasil, que é de 1m75cm. Se o mesmo volume fosse retirado do Guaíba, o lago ficaria 1,3 milímetro mais fundo.
Os canais de navegação Pedras Brancas, Leitão e Furadinho têm, somados, 12,3 quilômetros de extensão. O trabalho de limpeza dessas hidrovias integra o lote dois de dragagens emergenciais contratadas pela Porto RS, do qual faz parte também o canal São Gonçalo (com quatro quilômetros de extensão), na bacia da Lagoa dos Patos.
Os trabalhos no São Gonçalo devem começar ainda nesta semana, segundo a empresa pública. Já a conclusão da dragagem dos outros três canais passa por um ajuste de cronograma, em razão da cheia do Guaíba em junho deste ano.
— Houve, sim, o impacto de um assoreamento. Já fizemos uma batimetria e estamos discutindo, agora, como resolver esse problema jurídico (a revisão do cronograma), já que temos um contrato vigente — explica Cristiano Klinger, presidente da Portos RS.
O encalhe de navios no canal de Itapuã, entre as bacias da Lagoa dos Patos e do Guaíba, no ano passado, serviu de alerta para o acúmulo de sedimentos nas hidrovias após a enchente de 2024. A dragagem no canal Itapuã fez parte do lote um e foi concluída em maio. Resultou na retirada de 181,1 mil metros cúbicos dos seus 2,2 quilômetros de extensão. Quantidade suficiente para encher cerca de 20 mil caminhões, caso os materiais fossem efetivamente retirados de dentro da bacia.
— A dragagem consiste em retirar o sedimento que acumulou naquele ponto e deslocar ele a uma distância suficiente para que não retorne para dentro da hidrovia. O sedimento é lançado, normalmente, a cerca de 200 metros de distância daquele ponto — explica o professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS).
Início de dragagem em Rio Grande
O pregão eletrônico para contratar a empresa responsável pela dragagem do canal de acesso ao Porto de Rio Grande está agendado para 26 de agosto. A expectativa do governo do Estado, caso o processo transcorra sem recursos, é que o trabalho seja iniciado em outubro deste ano e concluído até novembro de 2026.
O lote três será formado pelos canais Rio das Balsas, Cais de Porto Alegre, Navegantes, Cristal, Belém, Junco e Campista. Já o lote quatro terá dragagens nos canais Feitoria, Nascimento, Coroa do Meio e Setia. Também está previsto um quinto lote.
O edital para a realização de batimetria (saiba o que é mais abaixo) em todos os 21 canais sob responsabilidade da Portos RS havia sido lançado em dezembro. Segundo o governo, as batimetrias já foram concluídas. Os canais somam mais de 90 quilômetros de extensão e as dragagens devem resultar na movimentação de aproximadamente 2,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos.
Os projetos de dragagem dos canais restantes e o edital estão sendo elaborados e devem ser lançados ainda em 2025. O valor total investido chega a R$ 731,3 milhões, originários dos Funrigs, o Fundo do Plano Rio Grande.
— É um trabalho muito grande. Nunca se fez isso, com todos os canais envolvidos — afirma o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.



