
O empresário Adalberto Amarillo dos Santos Junior, 36 anos, era apaixonado por velocidade e um oponente difícil para os amigos do grupo de kart.
— Era um ótimo competidor, vencia muitas corridas — recorda o amigo Paul Robison, 39 anos.
Robison ainda não consegue aceitar o que aconteceu com o amigo, encontrado morto em um buraco nas proximidades do Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo:
— Até agora não conseguimos entender o que aconteceu.
Adalberto e Robison se conheceram em um evento beneficente no kartódromo de Aldeia da Serra, há cerca de sete anos. O objetivo da ação era ajudar a creche Gente Inocente, de Janaúba, onde a professora Heley de Abreu Silva Batista morreu tentando salvar os alunos de um incêndio.
Começou ali um grupo e um campeonato. Todo mês, os amigos se reuniam em algum kartódromo para correr e angariar alimentos, roupas e brinquedos em prol de alguma causa ou instituição.
— A gente anda de carro e chora. Eu olho meus troféus e choro, fomos campeões juntos — diz Robison — A nossa turma diminuiu, e nunca imaginamos que o primeiro a partir seria o mais novo. Ele tinha 36 anos.
O amigo conta que nunca viu o empresário nervoso, envolvido em brigas ou bebendo nas corridas. Pelo contrário. Ressalta que Adalberto era um homem educado e que levava muito a sério o aspecto profissional e as óticas que administrava.
— Nunca vi maltratar um cliente, um amigo — elogia Robison —Não tem o que a gente possa suspeitar, nem que tivesse alguma briga, alguma discussão. Nada, nada, nada. Fomos pegos de surpresa — afirmou.
Ricardo Mendizabal, também companheiro de kart, concorda:
— O Adalberto era uma pessoa boníssima, sempre gentil, educado, prestativo com todos. Quando soube do desaparecimento, pensei que ele tivesse sofrido uma crise de esquecimento e estivesse caminhando pelas ruas sem rumo, mas jamais imaginei que fosse vítima de um crime — diz o advogado.
O que os dois mais querem é o que os demais amigos e a família desejam: entender o que aconteceu.
— Fica uma incógnita. Não teve lesão corporal, não teve facada, não teve tiro, sequestro. É como se ele tivesse sido abduzido e jogado dentro do buraco — afirma Robison — Ninguém merece morrer dessa forma.
Relembre o caso
O empresário Adalberto Amarillo Júnior desapareceu na noite do dia 31 de maio, quando participava do Festival Interlagos 2025: Edição Moto.
Na terça-feira (3), ele foi encontrado morto em uma área em obras nas proximidades do autódromo. O corpo foi localizado por um funcionário que atuava na construção, em uma área sinalizada e totalmente isolada por tapumes e barreiras de concreto.
No sábado (7), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou ter encontrado sangue no carro do empresário e adiantou que solicitaria exames para verificar se o material seria de Adalberto.
Quando foi visto pela última vez, ele estava de calça jeans, jaqueta, tênis e capacete. Ao ser retirado do buraco, porém, ele estava sem as calças e o par de tênis. O capacete usado no evento estava no local, assim como a carteira e o celular.
O caso segue em investigação. A SSP afirma que aguarda a finalização de todos os laudos solicitados e continua coletando depoimentos de familiares e testemunhas para auxiliar no esclarecimento dos fatos e na conclusão das causas da morte.