Considerado um dos mais importantes nomes da fotografia brasileira, o gaúcho Luiz Carlos Rosa Felizardo faleceu nesta quarta-feira (11). Ele tinha 75 anos e foi vítima de insuficiência respiratória e de "longa doença degenerativa", conforme a esposa, Isabel Locatelli.
Felizardo nasceu em Porto Alegre, em junho de 1949. Como fotógrafo, destacou-se pelos trabalhos em preto e branco, com imagens de amplo foco e profundidade.
— O centro não interessa muito, interessam os cantos — disse em entrevista para Zero Hora em 2017, referindo-se aos enquadramento de suas imagens.
Em seu acervo, imagens de paisagens do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre e da arquitetura gaúcha se destacam. O interesse por construções e estruturas foi herdado do período em que estudou Arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre 1968 e 1972.
A trajetória do fotógrafo foi acompanhada de perto pela esposa Isabel Locatelli, de quem estava junto há 38 anos, pelos dois filhos — um fotógrafo e uma arquiteta — além de três netas.
— Acho que ele passou coisas boas na vida também, do que ele gostava, ensinou muito para eles.
Felizardo será velado nesta quinta-feira (12), na Capela Histórica do Crematório Metropolitano, em Porto Alegre.
"RS perde seu maior representante de paisagem"
“Gaúcho raiz” e “pensador da imagem”, é assim que a fotógrafa Simonetta Persichetti descreve o amigo. Para ela, com a morte de Felizardo, o Rio Grande do Sul e o Brasil perderam um dos maiores representantes das paisagens gaúchas.
A fotógrafa ainda ressalta que o profissional “traduziu como ninguém a paisagem gaúcha com grande beleza”.
— O Brasil perde hoje um dos seus grandes fotógrafos paisagistas que seguia uma linhagem da história da fotografia do Ansel Adams e que fotografou como ninguém paisagens deste Brasil — diz Simonetta.
Ela lembra também que em 2024 o profissional ganhou o prêmio Mestre dos Mestres da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
— (Foi) reconhecido como um grande fotógrafo e a sua contribuição para pensar e (pelo) desenvolvimento da fotografia no Brasil — conta Simonetta.
O artista visual e pesquisador Marco Antonio Filho trabalhou com Felizardo desde setembro de 2022 como gestor do acervo do profissional. Ele conta que a relação de trabalho virou amizade. Filho descreve Felizardo como "generoso em compartilhar o que ele sabia" — inclusive com fotógrafos jovens e iniciantes.
— Sempre foi muito empenhado. Levando sempre muito a sério qualquer coisa que ele fazia, sempre tentando tirar realmente o melhor — descreve Marco, que agora vê como "uma grande responsabilidade" seguir trabalhando no vasto acervo do fotografo que, agora, não terá mais a sua supervisão.
Trajetória em documentário
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) publicou, em 2020, um curta-metragem intitulado como “Luiz Carlos Felizardo, um fotógrafo na estrada" — que aborda a trajetória e obras do porto-alegrense.
O vídeo de 20 minutos faz parte do projeto “Acervo MARGS” que tem como objetivo apresentar e homenagear artistas que integram o acervo artístico do museu.