
O escritório Nardon Advogados e outras empresas ligadas ao advogado Daniel Nardon iniciaram, desde a semana passada, o processo de desligamento de cerca de 90 funcionários. O número representa praticamente a totalidade dos colaboradores chefiados por Nardon.
Apenas pessoas que se encontram em algum tipo de licença não foram incluídas até o momento. Entre os funcionários estão advogados e trabalhadores que atuam na área administrativa.
A decisão foi tomada após a Justiça bloquear todos os ativos do escritório, o que inviabilizou o pagamento de salários. A medida foi tomada no âmbito da Operação Malus Doctor, que revelou um esquema de fraudes contra clientes e instituições financeiras.
Malus Doctor
O escritório Auro Ruschel Advogados Associados foi contratado para conduzir as negociações com os trabalhadores e tratar dos procedimentos de rescisão. Para efetuar as demissões, será necessário obter autorização judicial para que os valores referentes às multas rescisórias possam ser liberados.
— Tanto o escritório de advocacia e as outras empresas vinculadas ao Daniel Nardon deixaram de ter receitas financeiras, o que impossibilitou o pagamento dos empregados. Trata-se de uma ação pré-processual (para evitar ações na justiça) com o intuito de adimplir as verbas salariais e rescisórias através da liberação no juízo criminal dos valores que serão pagos diretamente aos empregados — explica Rafael Surita Steigleder, sócio da área trabalhista do escritório.
As reuniões com os funcionários, representados por dois sindicatos, estão sendo realizadas no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4). É por meio desses encontros que será estipulado o valor que o escritório deverá arcar com as multas.
Preso desde maio
Daniel Nardon está preso desde o dia 15 de maio. Ele é apontado como líder de um esquema que usava falsas procurações de clientes para ingressar com ações judiciais contra bancos.
Na última sexta-feira (6), o advogado foi indiciado por sete crimes: estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso, fraude processual, patrocínio infiel, apropriação indébita e falsificação de documento particular.