Uma ação dos auditores fiscais por busca de reajuste salarial gerou atrasos em embarques e desembarques no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, nesta quinta-feira (8). Segundo a Fraport Brasil, que administra o aeroporto, pousos e decolagens não foram impactados.
Chamada de operação padrão, a ação fiscalizou as malas de todas as pessoas que utilizaram voos internacionais no aeroporto desde às 19h.
Essa operação, que acontece simultaneamente em sete aeroportos do país, redundou em filas na Capital. As fileiras chegaram a dar voltas nas áreas de desembarque internacional e de fiscalização aduaneira do Salgado Filho.
— Esperei em uma fila enorme. Já queria estar indo para Novo Hamburgo. Eu vim de Portugal, estou cansada. Foram 11 horas de voo e mais de uma hora de espera aqui — relata Silvana Martins, 60 anos, que não sabia sobre a manifestação.
Os passageiros que chegaram em Porto Alegre foram mais impactados do que aqueles que buscavam deixar o país. Até as 22h30min ainda havia filas no terminal de desembarque. Alguns passageiros relataram atraso de quase duas horas.
Entenda a mobilização
Conforme o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), esta operação tem como objetivo chamar atenção do governo federal e da sociedade para a mobilização dos auditores fiscais da Receita Federal. A categoria está há cerca de seis meses reivindicando reajuste salarial para recompor a perda inflacionária na remuneração.
— Efetuar operação padrão na fiscalização de passageiros é sempre nossa última alternativa. Faz mais de 160 dias que tentamos negociar, mas o governo está fechado sem abrir qualquer espaço para o diálogo. Não bastasse a falta de disposição em sentar à mesa, o governo ainda nos ataca cortando nossa remuneração. Não nos restou nenhuma saída, se não acirrar ainda mais nossa mobilização, o que infelizmente amplifica o incômodo gerado na população — afirma o auditor fiscal Diogo Loureiro, diretor do Sindifisco Nacional.
De acordo com o Sindifisco Nacional, em 2023, a categoria recebeu reajuste de 9%, previstos no pacote de aumento salarial do funcionalismo público do governo federal. Mesmo assim, a classe acumula perdas inflacionárias de 28% desde 2016.
Além disso, a categoria pede a revogação de dois atos, assinados no dia 30 de abril pelo governo federal, que podem reduzir o bônus de produtividade dos auditores fiscais.
A realização da ação em sete aeroportos foi anunciada pela classe após uma assembleia nacional na quarta-feira (7).
O que é a operação padrão?
O sistema de gerenciamento de risco da Receita Federal seleciona, aproximadamente, 30% de um voo para fiscalização usualmente. Essas pessoas tem as bagagens fisicamente verificadas no embarque e desembarque nos aeroportos.
Durante uma operação padrão, os auditores fiscais da Receita Federal fiscalizam 100% dos passageiros dos voos, medidas que ocasionam filas nos embarques e desembarques e, consequentemente, atrasos.
Veja onde ocorre a operação padrão:
- Brasília
- Confins (MG)
- Galeão (RJ)
- Guarulhos (SP)
- Salgado Filho (RS)
- Salvador (BA)
- Viracopos (SP)
Procurada pela reportagem, a Fraport Brasil afirma que não comenta ações de órgãos públicos e ressalta que a Receita Federal faz parte da operação aeroportuária.