
Joseph Nye, um eminente cientista político americano que cunhou o termo "soft power", um conceito que o atual presidente Donald Trump menospreza, morreu aos 88 anos, anunciou na quarta-feira (7) a Universidade Harvard, onde lecionou por muitos anos.
Nye, que morreu na terça-feira (6), ocupou vários cargos de alto nível, inclusive no Departamento de Defesa dos EUA sob o governo do democrata Bill Clinton, e presidiu a prestigiosa Escola de Governo Kennedy de Harvard de 1995 a 2004.
Autor de 14 livros e inúmeros artigos, ele propôs o conceito de "soft power" na década de 1980 para se referir a uma diplomacia de influência ou atração, em oposição a uma política de coerção.
"O poder suave — persuadir os outros a alcançar os resultados desejados — nos permite cooptar em vez de coagir as pessoas", escreveu Nye em um livro de 2004 sobre o assunto.
Questionado, em fevereiro deste ano, sobre como via o segundo mandato de Trump, Nye disse que o republicano "não entende realmente de poder, e só pensa em termos de coerção e pagamento".
"Isso confunde resultados de curto prazo com efeitos de longo prazo. O poder coercitivo rígido (como a ameaça de tarifas) pode funcionar no curto prazo, enquanto no longo prazo cria incentivos para que outros reduzam sua dependência dos Estados Unidos", escreveu ele à AFP por e-mail.
No entanto, ele acrescentou, o sucesso dos Estados Unidos nas últimas oito décadas "também foi baseado na atração".
"O soft power americano passou por ciclos no passado", ele continuou, citando em particular a impopularidade dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã.
"Provavelmente nos recuperaremos de Trump, mas ele prejudicou a confiança nos Estados Unidos", concluiu o especialista.