
Morto aos 89 anos em decorrência de um câncer no esôfago, o ex-presidente do Uruguai José Mujica manteve uma relação próxima com o vizinho Rio Grande do Sul.
Durante seu governo, entre 2010 e 2015, o ex-guerrilheiro fez duas visitas ao Estado. Além disso, o uruguaio foi homenageado por universidades gaúchas após encerrar seu mandato.
Uma das visitas rendeu uma nova homenagem. Uma estátua retratando Mujica foi erguida no campus da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) em Bagé, na Campanha. A obra, do escultor Edgar Duvivier, foi inaugurada pela comunidade acadêmica em agosto de 2022.

Nesta reportagem, Zero Hora relembra alguns encontros de Mujica com os gaúchos (veja abaixo).
Mujica no RS
2011: reunião com empresários
Em novembro de 2011, Mujica visitou Porto Alegre para participar de um encontro empresarial com lideranças gaúchas e uruguaias.
— Temos que construir economias complementares — disse Mujica, em ato que firmou a integração da geração de energia eólica entre o RS e o país vizinho.
2014: encontro com catadores
Em setembro de 2014, Mujica voltou ao Estado. Em Novo Hamburgo, se encontrou com uma cooperativa de catadores. O grupo reciclava garrafas de plástico, e o material era enviado para uma cooperativa uruguaia que produzia fibra sintética.
De óculos escuros, em razão do incômodo provocado pela luminosidade, o então presidente uruguaio foi recebido com gritos de "Pepe querido, o Rio Grande está contigo".
— Temos que criar uma civilização comum na América Latina. Temos que nos juntar para sabermos nos defender — defendeu.
No mesmo dia, depois de passar pelo Palácio Piratini, em uma palestra na UFRGS, o ex-guerrilheiro defendeu a liberdade como um contraponto ao consumismo.
— Viver para consumir e passar toda a vida pagando contas. E assim te vai a vida, algo que não podes comprar — afirmou.
Sob aplausos, Mujica também comentou sobre ser "o presidente mais pobre do mundo", como era conhecido.
— Cada dia que passa, menos temos. Não se pode deixar a vida para pagar contas. Dizem que sou o presidente pobre, mas não sou pobre, 'carajo' — exclamou.
2017 e 2024: doutor honoris causa

Já ex-presidente, Mujica foi a Santana do Livramento, em 2017, receber o título de doutor honoris causa da Unipampa. Foi a primeira vez que a instituição concedeu a honraria.
— Por um mundo em que a educação superior seja acessível para todas as classes sociais e não para poucos. Cada indivíduo é um universo. Quando falamos em igualdade, é em questão de oportunidades — declarou, na ocasião.
Outro título de doutor honoris causa foi concedido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O anúncio foi feito em 2023, e a solenidade aconteceu um ano depois, em Rivera, cidade uruguaia vizinha de Santana do Livramento.
Maifestações de pesar
Próximo de Mujica, o ex-governador Tarso Genro lamentou a morte do uruguaio nas redes sociais.
"Lá se foi o nosso amigo. Digno, inteligente, revolucionário e profundamente democrático", escreveu Tarso.
O governador Eduardo Leite também se manifestou, destacando a "simplicidade" de Mujica.
"Pepe Mujica nunca precisou de pompa para ser grande. Viveu com simplicidade, falou com firmeza e governou com espírito de conciliação", afirmou Leite.