O Hospital Lauro Reus, de Campo Bom, no Vale do Sinos, levou à Polícia Civil o incidente ocorrido na manhã da segunda-feira (7), em que o alarme do sistema de oxigênio disparou indicando possíveis problemas. O técnico da empresa que fornece o insumo à casa de saúde, a Air Liquide, ao fazer atendimento, teria constatado que a válvula do tanque principal de ar estava fechada. O hospital fez ocorrência policial. Um das suspeitas é de sabotagem.
O coordenador de manutenção do Lauro Reus, Lucas Henrique de Lima de Oliveira, contou em depoimento na Delegacia de Campo Bom que recebeu ligação da coordenadora de enfermagem às 7h26min.
Ela informou que estava faltando oxigênio na UTI, que os respiradores e o painel de alarme estavam apitando e apontavam baixa pressão do gás. Oliveira disse ter telefonado para um funcionário da manutenção e solicitado que abrisse as válvulas do sistema de backup.
Oliveira afirmou ter chegado ao hospital seis minutos depois desse contato e que o sistema estava funcionando.
Segundo ele, já estava agendada uma visita de técnico da Air Liquide. Ele contou ter acompanhado a vistoria e confirmou que o técnico encontrou a válvula do tanque principal de oxigênio "parcialmente fechada".
Essa válvula é a que leva oxigênio líquido até os vaporizadores para que se torne gasoso e abasteça o hospital. O fechamento dela é que teria causado uma queda de pressão na rede de tubulações de ar do hospital.
A testemunha afirmou que não é possível alcançar o equipamento por fora da central de oxigênio. Que é necessário abrir um cadeado para entrar no local. Oliveira também registrou no depoimento que imagens de uma câmera de segurança já foram solicitadas e serão entregues à polícia na expectativa de que alguma movimentação suspeita possa ter sido flagrada.
Oliveira explicou ter sido contratado pelo hospital depois do episódio de 19 de março. Garantiu que, como coordenador de manutenção, fez exigências para a ocorrência não se repetir. Entre elas, a ampliação da equipe de manutenção e aumento de cilindros de ar para a reserva. Além disso, contou ter sugerido que os níveis de oxigênio fossem monitorados 24 horas por dia. Disse que isso agora ocorre por meio de planilha e por um grupo interno de WhatsApp.
A testemunha ainda registrou que desde que começou a atuar no hospital , percebe situações "incomuns, como a queda de disjuntores sem explicação e o vazamento de informações internas".
Segundo o Lauro Reus informou na segunda-feira (7), o incidente não interferiu no atendimento aos pacientes e não houve falta de oxigênio no hospital. O hospital anunciou, nesta terça-feira, a adoção de novas medidas de segurança e prevenção, como habilitação de duas câmeras de vigilância na central de oxigênio e implementação de ronda para monitoramento constante.
Veja íntegra da nota do Hospital Lauro Reus
"O incidente ocorrido na manhã da segunda-feira (7), em que o alarme do sistema de oxigênio disparou indicando possíveis problemas, resultou em ocorrência policial por suspeita de sabotagem. Segundo o registro, o responsável do Hospital pela manutenção após ter acompanhado a vistoria técnica da empresa, confirmou que a válvula do tanque principal de oxigênio estava "parcialmente fechada". Verificou-se ainda que não é possível qualquer pessoa alcançar o equipamento por fora da central de oxigênio, sendo necessário abrir um cadeado. Imagens de uma câmera de segurança foram solicitadas pela polícia na expectativa de verificação de movimentação suspeita no local.
A direção já havia reforçado ações de segurança e protocolos após o ocorrido em 19 de março e, nesta semana, ampliou as medidas através de:
• Instauração de Sindicância Interna a fim de apurar o evento adverso ocorrido no dia 07 de junho de 2021;
• Registro de Boletim de Ocorrência Policial junto à 3ª Delegacia de Polícia Regional de Campo Bom/RS;
• Habilitação de 2 câmeras de monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, por circuito, posicionadas a central de oxigênio;
• Implementação de ronda móvel de fiscalização e vigilância no período de 24 horas por dia, sete dias por semana, com rota estabelecida junto a central de oxigênio e com o uso de bastão de ronda e de um sistema de controle de ronda, possibilitando a coleta de dados com as informações das rondas realizadas pelos vigias e permite processar as informações em um sistema de controle de ronda, gerando relatórios das rondas realizadas;
• Criação de Procedimento Operacional Padrão (POP), em relação ao zelo e utilização da chave de acesso da central de oxigênio;
• Criação de Procedimento Operacional Padrão (POP), em relação ao acesso a central de oxigênio;
• Aumento na altura do gradil que cerca a Central de Oxigênio;
E por fim, ressaltamos que o incidente desta segunda-feira (7) não interferiu na assistência aos pacientes e que não houve falta de oxigênio no hospital. Também ressaltamos que o referido episódio não tem relação com os fatos do dia 19 de Março, quando no relatório final da Sindicância foi apurado e constatado a falta do reabastecimento do Oxigênio líquido por parte do fornecedor."