
O título da minha coluna aqui em ZH, no dia seguinte ao empate do Grêmio com o Botafogo, no Rio de Janeiro, foi o seguinte: "Rei Arthur". No texto, lá pelas tantas, ao analisar a atuação do time de Renato, fui além e disse: "se Tite, que estava no estádio Nílton Santos, anotou tudo o que viu de Arthur no jogo, só lhe resta convocá-lo para a Seleção".
Agora que o jovem talento do Grêmio de 21 anos (completa 22 só em agosto do ano que vem) está relacionado para as partidas contra Bolívia e Colômbia, nas duas últimas rodadas das Eliminatórias Sul-Americanas, atrevo-me a novo prognóstico: se Tite der lhe der uma só chance no lugar de Renato Augusto, o goiano Arthur não sai mais do time. Mas, para garantir de fato a sua presença na Rússia, nem que seja no elenco, Arthur terá de atender a um pedido expresso de Renato.
Contarei que pedido é esse em seguida. Quem revelou-me foi o próprio Arthur. Antes, um dado demolidor e autoexplicativo.
Tite adora jogadores que se movimentem muito e que acertem quase todos os passes. Em toda a temporada 2017, a bola saiu dos pés de Arthur na direção de algum companheiro exatas 1.971 vezes. Chegou ao destino suave como uma pluma em 1.881 delas, conferindo-lhe estratosféricos 95,4% de acerto. Vale dizer que nem todos os técnicos gostam de muitos passe.
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Há os que preferem menos posse de bola e orientam seus jogadores a se decidirem pelo lance de ataque mais rapidamente, sem tanta demora na transição ofensiva. O Botafogo de Jair Ventura, por exemplo, talvez pelas limitações de elenco, tem este perfil mesmo quando está em casa, como se viu contra o próprio Grêmio no meio da semana.
Por ser múltiplo, Arthur pode desempenhar a função de Casemiro no 4-1-4-1 montado por Tite. Ou entrar na linha de quatro atrás de Gabriel Jesus, nos lugares de Paulinho ou de Renato Augusto. Se for na de Renato Augusto, não sai mais do time. Com Phillipe Coutinho pelo lado, no lugar de Willian, dá samba, bossa nova e sertanejo universitário. Tudo junto. No mínimo, levando Arthur para a Copa, Tite estará ganhando uma opção que lhe garantirá muitas variações de escalação, para ele e seus companheiros. Dito isto, como diz o Pedro Ernesto, aí vai o conselho de Renato a Arthur que, uma vez cumprido à risca, levará o jovem volante do Grêmio à Copa do Mundo.
Mas, antes, é preciso dizer como descobri esta história. O Duda Garbi, que é muito amigo do Arthur, o levou ao ATL Gre-Nal, programa diário da Atlântida, às 11h15min. Jornalistas têm a mesma cabeça nessas horas. Então, o Duda me avisou: "Passa lá". Eu fui. Lá pelas tantas, misturando o que foi ao ar ao vivo e os papos de intervalo, Arthur revelou que Renato insiste com ele à exaustão, dando uma de chato mesmo, como se fosse um pai cobrando notas melhores na escola para o filho. O técnico do Grêmio diz assim para, com seu reconhecido poder de convencimento:
– Entra mais na área.
Contra o Botafogo, Arthur já o obedeceu. Na ausência de Luan, colocou o jogo no bolso e, a drible, para além de passe e desarme, entrou na área. Numa delas, talvez tenha sofrido pênalti. Na outra, obrigou Gatito Fernández a uma defesa providencial. O que aconteceu 48 horas depois? Tite o convocou. Portanto, se além de acertar passes e desarmar (68 roubadas de bola em 77 tentativas em 2017, sucesso de 88,3%), Arthur provar a Tite que também é capaz de entrar na área e até meter um golzinho aqui e ali, pode apostar que estará na Rússia. Basta perseguir a dica de Renato, o mesmo Renato que bancou a reserva para o capitão de sua equipe, Maicon, em nome de um meio-campista chamado Arthur.