A empresa Cleber LLC, uma montadora de tratores, se tornou a primeira dos Estados Unidos a ser autorizada pelo governo cubano a se instalar na zona franca do megaporto de Mariel, anunciou a TV cubana nesta quinta-feira.
"Saul Berenthal e Horace Clemmons dirigem a Cleber, a primeira empresa dos Estados Unidos com permissão de Cuba para se estabelecer na Zona Especial de Desenvolvimento do Mariel (zona franca)", 45 km a oeste de Havana, reportou o telejornal local, destacando que a companhia monta pequenos tratores.
No entanto, o noticiário destacou que a empresa, sediada no Alabama (EUA, sul), ainda espera "a aprovação de seu projeto pela Agência de Controle de Ativos Externos (OFAC, na sigla em inglês), uma das instituições encarregadas de aplicar o bloqueio econômico (embargo)" que Washington impôs contra a ilha em 1962.
"No fim de junho, submetemos nossa petição de licença para a OFAC", declarou à TV Berenthal, destacando que esta iniciativa pode servir de referência para outras empresas dos Estados Unidos que planejam investir na ilha, após o histórico degelo que levou os dois países a restabelecerem seus laços diplomáticos em julho, após meio século de ruptura.
A firma de Berenthal e Clemmons, dois ex-engenheiros da IMB já aposentados, poderiam se beneficiar das disposições especiais que autorizam o comércio de equipamento agrícola com Cuba, aprovadas pelo presidente americano, Barack Obama, no final de 2014.
A TV mostrou imagens de Berenthal apresentando na Feira Internacional de Havana os primeiros protótipos de um pequeno trator, fabricado a partir do projeto do modelo Allis-Chalmers G, produzido nos Estados Unidos entre 1948 e 1955.
"É um desenho que se usava nos Estados Unidos quando ainda o modelo agrícola era o pequeno agricultor", explicou o engenheiro.
Segundo autoridades cubanas, outros sete projetos já foram aprovados para instalação na zona franca: dois cubanos (farmácia e alimentos), dois mexicanos (alimentos e pintura), um espanhol (máquinas de bebidas e alimentos) e dois belgas (reparo de veículos e equipamentos elétricos), enquanto outros 40 estão em fase avançada de negociação.
Trinta empresas dos Estados Unidos participam da feira, a primeira que as autoridades da ilha organizam após o degelo com os Estados Unidos e na qual apresentaram na terça-feira um portfólio de negócios atualizado, com 226 projetos destinados a captar investimento estrangeiro por um montante que supera os 8 bilhões de dólares.
Na segunda-feira, dia de abertura da feira, a companhia Sprint assinou um acordo com o monopólio estatal cubano de telecomunicações Etecsa para oferecer um serviço de roaming direto - o primeiro pacto assinado pela ilha com um operador de telefonia móvel dos Estados Unidos.
* AFP
