A 19ª fase da Operação Lava-Jato volta a envolver Santa Catarina, pela terceira vez, na principal ação da Polícia Federal no país. Denominada Nessun Dorma ("ninguém dorme", na tradução do latim), tem como alvo propinas que teriam sido pagas envolvendo a diretoria internacional da Petrobras e foi deflagrada na manhã desta segunda-feira. Em Santa Catarina, o executivo José Antunes Sobrinho, um dos sócios da Engevix, foi preso preventivamente por suspeita de pagamento de propina em cima de contratos que somam R$ 140 milhões com a estatal Eletronuclear.
Polícia Federal deflagra nova etapa da Lava-Jato e realiza prisão na Capital catarinense
Em outra ação da Lava-Jato no Estado, em fevereiro deste ano, a PF realizou ações de prisão, busca e apreensões na cidade de Balneário Piçarras. Mirava a empresa produtora de tanques de combustíveis Arxo, que tem fábrica no município. A companhia é suspeita de irregularidades em contratos com a BR Distribuidora.
Gilson Pereira, João Gualberto Pereira e Sergio Maçaneiro foram convocados para depor na CPI da Petrobras, no Congresso Nacional, em agosto. Por terem conseguido uma habeas corpus no STF, usaram o direito de permanecerem calados e não responderam nenhum questionamento dos deputados. À época, o advogado que representa os executivos e a empresa, disse que Arxo foi vítima de denúncias infundadas apresentadas por uma ex-funcionária de alto escalão teria sido demitida da empresa por irregularidades.
Na segunda ação em Santa Catarina, realizada em julho, o principal alvo foi o ex-deputado federal João Pizzolatti (PP), hoje secretário extraordinário de articulação institucional e promoção de investimentos de Roraima. Ele foi alvo de ao menos dois dos cinco mandados de busca que a Polícia Federal fez em Santa Catarina. Agentes foram ao seu sítio em Pomerode, além de seu apartamento em Balneário Camboriú.
Pizzolatti negou as acusações e disse que irá colaborar, mas criticou o que chamou de "maneira truculenta" como foi conduzida a operação. O outro município que teve mandados cumpridos foi Penha, no Litoral do Estado.
Foto: A casa de campo do ex-deputado João Alberto Pizzolatti que foi alvo da operação da PF (Rafaela Martins)
Foi a primeira etapa que mirou políticos investigados na Lava-Jato e se tornou emblemática após a apreensão de três carros de luxo do senador Fernando Collor (PTB). Os envolvidos respondem a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude a licitação, organização criminosa, entre outros. O nome da operação, Politéia, em grego, faz referência ao livro "A República" de Platão, que descreve uma cidade perfeita, onde a ética prevalece sobre a corrupção.
Foto: Pedro Ladeira / Folhapress
Outra relação da Lava-jato com Santa Catarina é o fato de a Polícia Federal querer que a ex-ministra e ex-senadora catarinense Ideli Salvatti (PT) esclareça em depoimento as afirmações do delator Alberto Yousseff de que teria conhecimento do esquema de propina na Petrobras. Ela aparece em uma lista apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que o delegado Josélio Azevedo de Sousa também pede para que sejam colhidos depoimentos de outros ex-ministros e do ex-presidente Lula (PT).
Na época, Ideli Salvatti ocupava a Secretaria de Relações Institucionais e teria participado de uma reunião com o objetivo de definir qual grupo político do PP ficaria comandaria o Ministério das Cidades. Entre os temas da conversa, de acordo com o Yousseff, aparecia a questão da Petrobras. A ex-ministra nega qualquer envolvimento e disse ser natural conversar com outros líderes partidários já que ocupava um cargo de articulação política.
PF quer que Ideli responda se sabia de esquema de propina na Petrobras
Nova ação
Três etapas da Lava-Jato miraram alvos em Santa Catarina
Maior operação da Polícia Federal em andamento no país já foi atrás de executivos catarinenses e um ex-deputado
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