Preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira, o executivo José Antunes Sobrinho, um dos donos da empresa Engevix, teria realizado pagamentos de propina até janeiro deste ano e também entrado em contato com testemunhas para tentar ocultar provas. As informações foram divulgadas em coletiva na superintendência da PF em Curitiba e não se limitariam a escutas telefônicas.
- Temos comprovantes bancários e notas fiscais de serviços não prestados, mesmo com diretores da empresa já presos - disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Lava-Jato.
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Após ser preso em um apartamento na Beira-mar Norte, em Florianópolis, por volta das 6h, o empresário foi conduzido para Curitiba. Sua prisão preventiva corresponde a um dos 11 mandados judiciais dessa etapa, o único a ser cumprido em Santa Catarina.
Foto: Empresário foi preso em apartamento na Beira-Mar Norte, em Florianópolis (Guto Kuerten)
Em novembro do ano passado, já tinham sido presos diretores e o vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada, na sétima fase da Operação Lava Jato. As prisões estavam relacionadas a desvios de recursos em contratos da Petrobras. De acordo com a PF, quem negociava os benefícios irregulares junto aos contratos da Eletronuclear era Sobrinho, por isso só agora ocorreu a prisão. O total pago em propina não foi revelado, mas seria um percentual dentro de contratos que chegam a R$ 140 milhões.
O valores eram repassados para a empresa Aratec Engenharia, vinculada nas investigações ao diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso desde julho deste ano. Ele é acusado de corrupção na estatal nas obras de construção da usina nuclear Angra 3. As vantagens indevidas foram pagas, denuncia a PF, mesmo com a Lava-Jato em andamento desde o dia 17 de março de 2014.
A operação desta segunda-feira é rescaldo de etapas anteriores que se revelaram insuficientes em seus objetivos, esclareceu o delegado Igor Romário de Paula, coordenador das investigações da Lava-Jato. Também está relacionado ao fato de a validade das provas da operação Pixuleco II estarem em julgamento no Supremo Tribunal Federal, impedindo etapas complementares dessa outra linha de apuração.
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O nome
Foto: Reprodução / YouTube
Chamada de Nessun Dorma ("ninguém dorme", na tradução do latim), o significado do nome desta etapa da operação foi explicado na coletiva dada pela força-tarefa.
- É uma dica para quem achava que a Lava-Jato tinha diminuído suas ações - disse o delegado Igor Romário.
Ele também disse que pode ser aplicado à situação de pessoas que tenham praticado atos de corrupção nas estatais, investigadas dentro da operação da Polícia Federal.
- Os casos do mensalão, petrolão e Eletronuclear estão todos conexos e envolvem políticos do alto escalão e a Casa Civil do governo Lula - disse o procurador, quando perguntado se a operação poderia ter relação com o ex-ministro José Dirceu.
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Nessun Dorma
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