Se nem os secretários nem a base do governo estão convencidos de que as finanças do Rio Grande do Sul estão à beira de um colapso, não há clima para o Piratini encaminhar projetos polêmicos à Assembleia. Qualquer medida cogitada esbarra na resistência de quem será atingido. E os deputados, que não querem desagradar aos eleitores nem aos financiadores de campanha, ficam particularmente sensíveis diante de galerias lotadas, apitos e cartazes. Os números apresentados até agora ainda são tratados como abstrações.
Pela reação dos possíveis atingidos pelas medidas drásticas que poderiam ser adotadas para equilibrar as contas, a impressão é de que a chapa ainda está fria. Enquanto a Secretaria da Fazenda fizer malabarismos para pagar os salários, mesmo que às custas do atraso de outros pagamentos, os aliados seguirão achando que é possível dar um jeito, como sempre se deu.
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De aumento do ICMS, ninguém quer saber, seja porque a carga tributária é excessivamente elevada, seja pelo retrospecto de irresponsabilidade fiscal de diferentes governos. Os empresários resistem em discutir a revisão de incentivos, alegando que seu setor deixará de ser competitivo se perder benefícios fiscais. Os chefes de cada poder se esmeram para mostrar que já fizeram a sua parte e não têm gordura para queimar. Professores ameaçam fazer greve se não receberem uma proposta de reajuste salarial. Aprovados em concursos públicos pressionam pela nomeação. Nesse quadro em que cada setor ou corporação tenta garantir o seu lado, quem disser que é preciso reduzir o tamanho da máquina para que caiba no orçamento ganha logo o carimbo de neoliberal, defensor do Estado mínimo, inimigo do povo.
O governador José Ivo Sartori limita-se a dizer que não haverá pacote e que fará "o que precisa ser feito", seja lá o que isso signifique. Os secretários dizem que é preciso "respeitar o tempo do governador". Mais de quatro meses depois da posse, nem os aliados mais convictos se arriscam a dizer que tempo é esse.
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Rosane de Oliveira: sem clima para medidas impopulares
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Rosane de Oliveira
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